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Rifa e 'vaquinha' para plásticas reúne 43 mil mulheres em busca do sonho

Todas em busca do mesmo sonho: voltar a ter o corpo de antes, sem a barriga flácida e com os seios no lugar. No entanto, muitas delas são diaristas, professoras e trabalhadoras que não possuem condições de pagar pela cirurgia plástica. Diante deste dilema e após ter realizado o procedimento, a estudante de Direito Ana Paula Freitas, de 28 anos, decidiu ajudar outras pessoas. O que ela não imaginava era ter este alcance e, de Campo Grande, ganhar "sonhadoras" Brasil afora.

"O grupo cresceu absurdamente e fico muito contente quando as meninas gostam das minhas dicas de beleza e estética. É mais fácil porque eu passei por todo este processo, outras também falam de profissionais de confiança e ainda temos especialistas no grupo. Existe uma confiança em mim então estou sempre ajudando, buscando nutricionistas para tirar as dúvidas e depois informar sobre os procedimentos legais. Além disso, consigo descontos e assim ajudamos uma a outra", afirmou a estudante.

O grupo, criado nas redes sociais, teve início no dia 1° de outubro de 2016 e não para desde o momento em que a primeira intenauta "dá o seu bom dia". "É uma diversão o dia todo e quando alguém do grupo está triste, deprimida, nós a incentivamos. A união é muito grande e, recentemente, com os R$ 10 mil entregue para a primeira ganhadora da rifa, muitas perceberam que é algo realmente sério e estão entrando", comentou Freitas.

De acordo com a jovem, as discussões tomam tempo, mas ela concilia com as atividades do lar e o cuidado com o marido e os filhos. "Tive uma superação na minha vida, onde imaginei que terminaria o casamento por conta da depressão. Meu esposo então ajudou, quando eu já tinha perdido o gosto pela vida e após a gestação de gêmeos. Muitos pensam que é frescura, mas é um problema sério. Após um tempo, vi que muitas mulheres passam pela mesma situação e decidi ajudar", explicou.

No início, a jovem começou a incentivar as pessoas e ressaltado que todas elas tinham chance de ganhar o prêmio. A professora Márcia Cristina Rigonato, de 51 anos, participa do grupo há um mês. "Foi tudo muito engraçado porque eu me interessei em participar do evento por conta do meu marido, que faz comida fitness sem glúten e lactose. No final eu comprei um nome para mim, mas não imaginava. Agora meu procedimento de abdominoplastia e lipoescultura já está agendado, estou muito feliz", falou.

Vaquinha solidária

Além da rifa, Ana Paula também criou a "vaquinha solidária", em que as mulheres vão depositar 10 reais. "Somente as mulheres que participam acompanham toda a movimentação bancária e, neste caso, vamos eleger uma pessoa bem carente para custear a cirurgia. Nós também vamos em busca de patrocínio e eu consegui a cinta e o tratamento pós-cirúrgico, que fica em torno de R$ 2 mil. A intenção é que aumente cada dia mais", explicou.

A manicure Vanessa de Oliveira Queiroz, de 30 anos, após passar pela quarta gestação, disse que ficou com a barriga flácida e 100 kg.

"O incentivo foi tanto desde que entrei no grupo, que já perdi 20 kg. Não tinha ânimo, mas minha vida mudou totalmente. São muitos depoimentos e sempre participo porque é uma chance única. Se a gente não ganhar, outra que também precisa muito será contemplada e a gente também fica feliz por estar ajudando", comentou. A professora Flaviana Correa Pinheiro, de 25 anos, conta que o grupo ajuda desde o físico até o emocional. "Pelas conversas eu já percebi que ali funciona uma autoajuda. São pessoas que não tem condições mas, que a partir da rifa e vaquinha, realizam um sonho. Hoje, por exemplo, acordei e disse para o meu marido que tinha que fazer o depósito. No meu caso, quero colocar prótese nos seios. Tive pré-eclampse, depressão pós parto e saltei de 50kg para 85kg, então demorou muito para me adaptar ao novo corpo", explicou.

Satisfação com o corpo

Ainda de acordo com Pinheiro, a mulher precisa se olhar no espelho e estar contente. "Nunca ninguém está 100% satisfeito com o corpo, mas lá a gente recebe muita motivação. As meninas falam do creme específico, do chá que é bom, da academia que tem desconto e aí a gente percebe que a nossa hora pode chegar. Além disso, constatamos que existem mulheres batalhadoras mesmo ali, que cuidam dos filhos sozinha, mas que alimentam esse sonho", disse.

A também professora Flávia da Silva Colete, de 42 anos, comemorou a perda de mais de 10 kg, desde que entrou no grupo. "Mesmo que saia duas ou três mulheres diariamente, está sempre no limite máximo. Elas falam de emagrecer, de decepções amorosas, do quanto é importante estar de bem com a vida, de fazer exercício e tudo mais. Às vezes acontece uma briguinha, mas isso é normal. Toda pessoa passa por aquele momento em que está gordinha, se acha feia, mas depois criamos um objetivo. No meu caso, faço caminhada, academia e ainda pedalo", finalizou.

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