Política

Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, é absolvida na Lava Jato

A jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi absolvida pelo juiz Sergio Moro, na ação em que era acusada de ter se beneficiado de propina desviada da Petrobras em favor de seu marido.

Para o juiz, faltou materialidade à acusação, que não conseguiu demonstrar o rastro do dinheiro até a conta da jornalista.

Cruz foi denunciada sob acusação dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas -os valores ilegais, segundo a Procuradoria, foram gastos a partir de uma conta na Suíça, em nome da jornalista. O dinheiro pagou por bolsas de luxo, roupas de grife e aulas de tênis no exterior.

"É prematura a afirmação de que os demais ativos [da conta de Cruz] também seriam produto de crimes contra a Administração Pública, sendo necessário aprofundar o rastreamento", escreveu Moro.

Para o magistrado, também faltou demonstrar o dolo da jornalista no crime de evasão de divisas, já que ela afirmou que era Cunha quem fazia a gestão financeira da família e que não suspeitava que o dinheiro pudesse vir de corrupção.

O juiz disse que os documentos de abertura da conta demonstram que, de fato, ela foi aberta para alimentar cartões de crédito -como argumentou Cruz.

"Cumpre observar que, de fato, não há prova de que ela tenha participado dos acertos de corrupção de Eduardo Cosentino da Cunha. [...] A escusa apresentada pela acusada, de que era o seu marido quem cuidava das suas declarações de rendimento, é plausível", escreveu o juiz.

Os valores gastos por Cruz seriam fruto da propina de US$ 1,5 milhão paga a Cunha para viabilizar a compra, pela Petrobras, de um bloco para exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.

O negócio foi fechado por US$ 34,5 milhões, dos quais US$ 10 milhões -quase um terço- teriam sido repassados como propina. A Petrobras acabou não encontrando petróleo no local.

Na sentença, porém, Moro diz que não há provas de que Cruz teve participação no crime de corrupção, e nem de que "tenha participado conscientemente nas condutas de ocultação e dissimulação".

Além de Cruz, também foi absolvido o empresário Idalécio Oliveira, que teria pago a propina.

O juiz, porém, condenou pelo crime de corrupção o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, cuja diretoria era responsável pelo contrato; e o operador João Augusto Henriques, apontado como responsável pela operação de lavagem de dinheiro. Ainda cabe recurso da decisão.

OUTRO LADO

Em depoimento a Moro, Cruz afirmou que "não fazia ideia" de onde vinha o dinheiro que abastecia sua conta, e que não falava sobre o assunto com Cunha.

"Em casa, eu não era jornalista. Eu era a Cláudia, e ele, meu marido", disse. "Ali não tinha ninguém fazendo entrevista ou perguntando nada. Eu era apenas esposa e mãe." A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa dos demais acusados.

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