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Dias melhores virão?

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A pergunta do título é uma provocação. No passado, já diziam a mesma coisa. Os dias melhores virão!? Ainda estão por vir? Já chegaram? Já se foram? Uns acham que sim, outros acham que não. Questão de ponto de vista? O que determina dias "melhores" ou "piores"? Vamos refletir? 

Podemos dizer que nos dias de hoje temos muito mais acesso à informação que em qualquer outra época da humanidade, certo? Todo o conhecimento do mundo, na palma da mão! Isso é bom? Sim. É maravilhoso poder facilmente acessar, conhecer, aprender, descobrir, compreender... São os sonhados "dias melhores"? Talvez. Depende. Mais acesso ao conhecimento não significa, necessariamente, mais sabedoria. Ser sábio é selecionar e utilizar bem o aprendizado adquirido, transformando a informação em ação. Muita teoria, mas sem serventia, é inútil, ocupa espaço e desperdiça energia. Ou seja, o fácil acesso ao conhecimento só faz sentido se for bem administrado, proporcionando uma vivência de reflexões e realizações positivas.

Estamos na era da internet, da tecnologia, da conexão, da interatividade, das redes sociais e da quase total ausência de barreiras ou fronteiras para a comunicação. Nunca houve tanto poder disponível ao indivíduo para (instantaneamente) conectar-se ao mundo e às pessoas, como agora. Então por que tanta solidão, tristeza e angústia? Por que a pandemia da depressão só aumenta, sendo considerada a doença do século? Se temos mais recursos e mais possibilidades do que antes, por que muitas pessoas estão desistindo de viver? 

Por que ainda assistimos ao aumento do suicídio e ao desprezo da própria vida, das mais diversas formas? Por que os excessos de todos os gêneros (drogas, bebidas, alimentação e vícios em geral)? Pensávamos que quanto mais quantidade "por fora", melhor qualidade "por dentro"? Desastroso engano. Orgulho, egoísmo e vaidade do ser humano. O "ter" não pode compensar o "ser". O "ter" precisa estar a serviço do "ser". Não há prazer externo que substitua o vazio interno. Quando vamos, finalmente, aprender? 

É chegada a hora do caminho inverso. Olhar mais para o interior, priorizar o que realmente importa. Precisamos crescer e amadurecer. Não se dá um carro para quem não sabe dirigir com cuidado. Não se dá um computador para uma criança que não sabe usá-lo. Recursos tecnológicos são poderosos, mas só auxiliam se tivermos maturidade para bem utilizá-los. Do contrário, podem mais atrapalhar que ajudar. Viciam as mentes. São perigosos. "A diferença entre o veneno e o remédio é a dose", já disse um sábio.

Todo excesso é um risco à saúde. Até dinheiro demais faz mal. Não há nada de errado em aumentar valores monetários e bens materiais, desde que isso não signifique diminuição dos valores morais e dos bens espirituais. O aumento de um, desvia a atenção do outro. Equilibre a balança. Quem trabalha corretamente, naturalmente terá direito ao salário digno. Priorize os "tesouros da alma", nas palavras de Jesus, e "o resto virá por acréscimo".  Os "tesouros da Terra, as traças e a ferrugem vão corroer". Não tem valor real o que é passageiro. Valor é diferente de preço. Riqueza verdadeira é riqueza de valor - que não tem preço.

"Tempo é dinheiro", disse alguém, sem muita sabedoria. Pois o tempo vale mais que dinheiro, já que o tempo não se pode comprar, só usar. Todos têm as mesmas 24 horas diárias. Trocamos parte, por dinheiro. Mas, muitas vezes, gastamos muito dinheiro com coisas desnecessárias. E gastamos pouco tempo com as pessoas que amamos. "Dias melhores"?

Casas maiores e famílias menores, de que serve? Somos uma só família no mesmo lar ou somos várias ilhas debaixo do mesmo teto? Estar em casa, mas cada um no seu quarto, na sua tela, barriga cheia, dinheiro no bolso, mas sem amor para doar e sem tempo para amar, de que adianta? Mais uma vez, equilíbrio é a chave. Estar bem financeiramente é importante. Mas investimento familiar é prioridade. Família é base, fundamental, do ser humano e da sociedade. 

Muitos percebem e sentem a inversão de valores do mundo moderno e materialista. Muitos querem uma mudança. Mas poucos tentam mudar, de fato. É a contradição humana: querer do mundo o que não oferece ao mundo. Isto resume tudo. A minha melhoria como indivíduo é o que melhora o mundo a minha volta. E se eu contribuir para o mundo melhorar, eu também me melhoro no processo. Seja como a semente, que brota de si mesma para crescer e frutificar para o mundo! Dias melhores virão? Dias virão, com certeza. Melhores? A escolha é nossa.

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*O autor é palestrante, colunista e articulista nas áreas de desenvolvimento pessoal, espiritualidade e atualidades

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