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Mesmo com 57 infectados por vírus, procurador descarta fechar frigorífico

Chefe do MPT diz que JBS segue protocolo de segurança; barreira sanitária em Rio Brilhante detectou 6 funcionários com covid-19

Indústria da Seara/JBS em Dourados, onde 57 trabalhadores já foram infectados pelo coronavírus (Foto: Helio de Freitas) Indústria da Seara/JBS em Dourados, onde 57 trabalhadores já foram infectados pelo coronavírus (Foto: Helio de Freitas)

Chega a quase 60 o número de trabalhadores infectados com o novo coronavírus na indústria Seara/JBS localizada em Dourados, a 233 km de Campo Grande. No total, 420 dos 4.300 funcionários estão afastados, entre eles pessoas incluídas nos grupos de risco definidos pelo Ministério da Saúde. Empregados da linha de produção da unidade localizada na BR-163 já levaram o vírus para vários municípios da região, entre os quais Fátima do Sul, Vicentina, Douradina, Rio Brilhante e Itaporã.

Mesmo diante desse quadro, não existe possibilidade de suspensão das atividades da indústria que abate 4.200 suínos por dia e ocupa o posto de principal empregador da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

A afirmação foi feita nesta sexta-feira (22) pelo procurador do Trabalho em Dourados, Jeferson Pereira. Em entrevista coletiva, ele elogiou o plano de biossegurança adotado pela empresa e rebateu a informação de que a planta de Dourados se tornou ponto de contágio e estaria disseminando o vírus.

Segundo ele, a JBS contratou equipe para supervisionar o distanciamento mínimo entre os trabalhadores e segue protocolo de segurança adotado mesmo antes da cobrança por parte do MPT (Ministério Público do Trabalho).

Outras medidas que serão adotadas são barreiras sanitárias no acesso da indústria e formação de equipe de quatro enfermeiros para fazer a testagem dos trabalhadores. “A equipe será treinada pela Vigilância em Saúde do município”, afirmou.

“As ações estão sendo tomadas. Fechar só se fugir do controle. Por enquanto está descartado. Acredito que vamos ter visão mais transparente da doença nas plantas com a testagem dos trabalhadores”, afirmou o procurador.

“A empresa está adotando postura de colaboração. A unidade abate 4.200 suínos por dia, tem contratos com produtores, logística de transporte, mercado local e internacional, é serviço essencial. Os casos estão sendo monitorados, isolamentos estão sendo feitos. Procedimentos de segurança estão sendo adotados. O MPT está atento à situação e trabalhando próximo às empresas e autoridades de saúde”, garantiu.

Rodinhas – Sobre a proliferação do vírus mesmo com todas as medidas sanitárias, Jeferson Pereira disse que a disseminação está associada ao comportamento das pessoas. “fomos pegos de surpresa com o contágio no frigorífico de Guia Lopes da Laguna que emprega 400 trabalhadores. O contágio fora do frigorífico ocorreu pelo comportamento das pessoas, as costumeiras rodinhas”.

Na indústria da Seara em Dourados, segundo ele, a trabalhadora indígena que testou positivo no dia 12 deste mês e levou o vírus para a Aldeia Bororó, viajou para outra cidade na região sul do Estado e na volta não comunicou a chefia nem seguiu o protocolo de ficar em isolamento.

Com febre – Jeferson Pereira não soube explicar, no entanto, o fato de seis trabalhadores da Seara/JBS que mora em Rio Brilhante infectados com o vírus terem sido detectados com sintomas da doença na barreira sanitária instalada na entrada da cidade, menos de 50 km de distância da indústria. Eles tinham sintomas da doença. Oficialmente, esses trabalhadores deveriam ter passado pela triagem na própria empresa. “Ainda não sabemos o comportamento do vírus”, declarou.

Apesar de afirmar que a JBS está seguindo todos os protocolos, o procurador disse que nesta sexta-feira uma equipe da Vigilância em Saúde do município faz vistoria na indústria. Ontem a vistoria ocorreu na indústria de frango da BRF, onde três funcionários já testaram positivo para covid-19 e 248 estão afastados. A Unidade emprega 1.500 pessoas.

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