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MPF diz que Bumlai usou R$ 12 milhões da Petrobras para quitar empréstimos

O MPF (Ministério Público Federal) afirmou em entrevista coletiva nesta terça-feira (24) em Curitiba (PR) que o pecuarista José Carlos Bumlai, preso na 21ª fase da Operação Lava Jato, utilizou contratos firmados na Petrobras para quitar empréstimos junto ao banco Banco Schahin. O empréstimo principal em investigação nesta fase era inicialmente de R$ 12 milhões.

Segundo o procurador Diogo Castro de Matos, em troca, o grupo Schahin conquistou o contrato de navio-sonda Vitória 10.000 na petrolífera sem licitação. O dinheiro dos empréstimos seria destinado ao PT.

Além dos R$ 12 milhões, haveria ao menos outras dezenas de empréstimos envolvendo milhões ligados a pessoas físicas que mantém vínculo com o pecuarista. Durante a manhã, três viaturas da Polícia Federal e uma da Receita Federal estiveram estacionadas em frente a cinco mansões na Rua Beatriz Bumlai, Jardim Bela Vista, que pertenceria a familiares do pecuarista.

Todas elas são casas vizinhas a de Bumlai, que passa por reforma e ocupam quase toda a quadra do bairro nobre. De uma delas, foi retirado um malote. Na outra, a Polícia Federal entrou com a viatura e não se sabe se algo foi retirado de lá. Na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, também foi feita busca e apreensão no sexto andar de um banco. Em Dourados, a Polícia esteve na Usina São Fernando, de propriedade de dois dos filhos de Bumlai.

A Polícia informou que são mais de 140 policiais e 23 auditores fiscais envolvidos na Operação Passe Livre, deflagrada nesta terça-feira, que cumprem 25 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva e seis mandados de condução coercitiva nas cidades de São Paulo (SP), Lins (SP), Piracicaba (SP), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Dourados (MS).

A prisão de Bumlai é preventiva, que não tem data para vencer e ele iria depor nesta terça na CPI do BNDES, na Câmara, que investiga operações envolvendo o banco, por isso viajou a Brasília.

O nome de Bumlai, que é empresário do setor sucroalcooleiro e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com livre acesso ao Palácio do Planato, apareceu em colaboração premiada de Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras, e do lobista Fernando Baiano.

Baiano afirmou que Bumlai recebeu R$ 2 milhões em propina. O dinheiro, conforme colaboração premiada do lobista, era o pagamento em virtude da intermediação de Bumlai junto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um contrato com a petrolífera.

Ao complementar as explicações sobre esta nova fase, o procurador Carlos Fernando de Santos Lima disse que a comprovação dos fatos envolvendo a Petrobras está adiantada. Ele afirmou que existe claramente uma "vinculação política" nesse primeiro empréstimo, à época que José Dirceu era ministro da Casa Civil.

Dirceu, condenado pelo caso Mensalão, também é réu em ação no âmbito da Lava Jato e está preso no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Diante da proximidade entre Bumlai e Lula, o procurador afirmou que há comprovação de envolvimento do ex-presidente petista no esquema de corrupção. É sabido, segundo Lima, que houve o uso do nome de Lula.

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