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MS tem pior índice do Brasil de medidas de distanciamento, diz Ipea

Ipea desenvolveu índice com somatória de medidas legais para quarentena adotadas por governos do estado e prefeituras das capitais

Contrariando recomendação da Prefeitura e de autoridades em saúde, milhares de pessoas se aglomeraram para rezar na Avenida Afonso Pena no domingo (19) (Foto: Marcos Maluf) Contrariando recomendação da Prefeitura e de autoridades em saúde, milhares de pessoas se aglomeraram para rezar na Avenida Afonso Pena no domingo (19) (Foto: Marcos Maluf)

Mato Grosso do Sul aparece em último lugar no ranking de todos os estados brasileiros que aplicaram medidas legais de quarentena, como fechamento de escolas e comércio. O ranking é do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) feito a partir de um índice desenvolvimento pelo Instituto, o IDS (Índice de Medidas Legais de Distanciamento Social). O IDS soma seis diferentes medidas legais de restrição em meio à pandemia de Covid-19 e varia de 0 a 10. Enquanto o Ceará aparece com IDS de 9,2, com mais medidas legais de restrição, Mato Grosso do Sul aparece em último, depois da Bahia, com IDS de 3,3.

A pesquisa que deu origem à nota foi desenvolvida pelo técnico de planejamento e pesquisa da Dinte (Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais) do Ipea, Rodrigo Fracalossi de Moraes. O autor analisou as decisões de prefeituras das capitais e governos dos estados brasileiros desde que a OMS (Organização Mundial de Saúde) classificou a doença causada pelo novo coronavírus como pandemia, no dia 11 de março.

Todas as seis variáveis tem valor de 0, 1 ou 2 a depender do grau de restrição (total, parcial ou zero) e somadas fazem com que o IDS varie de 0 a 10. São elas: restrições a eventos e atividades culturais, esportivas ou religiosas; restrições ao funcionamento de bares e restaurantes; restrições ao comércio em geral; restrições sobre atividades industriais; suspensão de aulas; e restrições ao transporte terrestre, fluvial e marítimo de passageiros.

“Os dados também indicam que estados adotaram políticas cada vez mais restritivas e que estas raramente recuaram. Isto sugere que os governos foram relativamente pouco influenciados por associações de classe de empresas, outros grupos de interesse organizados ou discursos de autoridades que defendiam menor rigor nas normas de distanciamento social”, cita o pesquisador.

O pesquisador avaliou e quantificou as medidas em todo o território brasileiro entre os dias 6 e 9 de abril e afirma que há registros de poucos casos em que o executivo municipal ou estadual recuou das medidas, exemplo de Campo Grande, onde o fechamento total do comércio durou cerca de duas semanas.

Campo Grande também ficou entre as piores capitais do Brasil em aplicação das medidas: 19º lugar ou 8º pior, com IDS de 4,2, enquanto Teresina, a primeira colocada, ficou com 9,2 e Cuiabá, 5ª melhor colocada, ficou 7,5.

Para o autor, ainda que outras questões devam ser avaliadas para cravar uma conclusão (comportamento da população frente à pandemia etc), é possível entender que as medidas legais levam ao maior isolamento social da população. “Se observa por estes dados que parece de fato haver uma relação entre estas duas variáveis. Os estados nos quais as medidas foram mais restritivas tenderam a ter um grau de isolamento social maior”, diz.

“As políticas de governos locais devem continuar se baseando na evidência disponível na literatura científica, a qual nas atuais circunstâncias têm sido filtradas e sistematizadas de forma confiável por algumas instituições, tanto nacionais como internacionais, especialmente o Ministério da Saúde, a OMS e grupos de cientistas. Embora alguns estados e municípios tenham buscado suspender algumas medidas de distanciamento social (Campo Grande-MS, por exemplo), mais dados são necessários para que tais decisões sejam tomadas, o que requer sobretudo a realização de testes de detecção do vírus”, avalia.

Covid-19 - Mato Grosso do Sul está registrando, no mês de abril, em média 6,3 novos casos de covid-19 por dia. Em março, essa média havia sido de 2,8 casos por dia. A evolução, conforme os números deste mês, é de 125% na média diária de confirmações. Já são 168 casos em 20 cidades do estado.

O dado consta do boletim divulgado no domingo (19), apontando que, depois do recorde de 18 registros no sábado de contágios pelo novo coronavírus, foram sete novos casos em 24 horas. Em percentual, no sábado o aumento foi de 12,6% para sexta-feira para sábado e de ontem para hoje foi de 4,3%. O número de mortos pela doença em fase de pandemia segue em cinco, dois de Campo Grande, dois em Batayporã e um Três Lagoas.

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