CORRUPÇÃO

Operação Pregão completa 90 dias de investigação no setor financeiro da Prefeitura de Dourados

Agentes do MPE deixando a Secretaria de Fazenda com documentos apreendidos. Foto foi registrada no dia da operação. - Crédito: Vinicios Araújo/Arquivo Dourados News Agentes do MPE deixando a Secretaria de Fazenda com documentos apreendidos. Foto foi registrada no dia da operação. - Crédito: Vinicios Araújo/Arquivo Dourados News

A Operação Pregão, deflagrada pelo Ministério Público Estadual, completa 90 dias nesta quinta-feira (31). Os alvos da investigação são agentes públicos e empresários, acusados de promover fraudes licitatórias na administração municipal com contrapartida financeira.

No dia 31 de outubro de 2018, representantes da 16ª Promotoria de Justiça saíram às ruas para cumprir mandados de prisão, busca e apreensão no departamento de licitações da Prefeitura de Dourados e na casa dos envolvidos. 

São eles: João Fava Neto, na época secretário de Fazenda, a vereadora afastada Denize Portolan, ex-secretária de educação, Anilton Garcia, então diretor de licitações do Município e Messias José da Silva, dono de uma terceirizadora de serviços. 

As suspeitas do MPE apontavam para um esquema articulado que tinha como objetivo beneficiar a empresa de Messias José nas disputas por contratos com o poder público, por meio de fraudes. Em troca disso, agentes públicos envolvidos nas investigações receberiam contrapartida financeira, também conhecida como propina de corrupção.

A força-tarefa para cumprir os mandados contou com o apoio da Gecoc (Grupo Especializado no Combate à Corrupção), Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) e DOF (Departamento de Operações de Fronteira), além da Defron (Delegacia de Repressão aos Crimes de Fronteira).

No total, participaram da operação 13 equipes, compostas por aproximadamente 75 policiais militares, civis e servidores, além de seis promotores de Justiça de Dourados e Campo Grande. 

EXONERAÇÕES E AFASTAMENTO

Denize Portolan, que era secretária de educação na época em que ocorreram as supostas ações de corrupção, havia acabado de assumir a cadeira do vereador Braz Melo (PSC), cassado por improbidade administrativa.

PRESÍDIOS

Os envolvidos na operação estão presos desde o dia em que a Pregão foi deflagrada, ressalvo apenas João Fava, que conseguiu habeas corpus no final de 2018, mas logo que o ano virou teve de retornar para a cadeia após cassação da liminar pela Justiça. 

Fava é apontado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul como o mentor do esquema de fraude em licitações para contratar empresas terceirizadas em troca de propina. Ele é sogro do deputado estadual eleito Neno Razuk (PTB) e da mais alta confiança da família da atual prefeita de Dourados.

2ª FASE

Pouco mais de dois meses após a deflagração da Pregão, o Ministério Público voltou às ruas, dessa vez para cumprir mandados de prisão, busca e apreensão na casa do ex-contador da Prefeitura Rosenildo França e a esposa dele. 

JUSTIÇA

O processo corre em caráter sigiloso e na 16ª Promotoria não há nenhum interesse em detalhar informações que possam revelar os avanços das investigações. 

O QUE DIZEM AS DEFESAS

O Dourados News buscou falar com as defesas dos réus. O contato foi bem sucedido apenas com os advogados do empresário Messias José da Silva e Anilton Garcia.

Para eles, até o momento o MPE não conseguiu reunir documentos suficientes para atestar a suspeita de pagamento de propina aos agentes públicos em troca de vantagens em licitações.

Eles buscam a soltura do empresário e do ex-servidor para que eles possam responder em liberdade ao processo, já que não consideram que as investigações possam ser prejudicadas por isso.

Questionado sobre a relação do réu com os demais envolvidos, o advogado do empresário Messias José optou por preservar a informação sob a justificativa de “estratégia de defesa”. 

Douglas Oliveira, advogado na defesa de Anilton Garcia, garantiu que não houve nenhum aumento patrimonial nas contas do ex-servidor que pudesse atestar as acusações de propina. Ele afirma também que "apesar do MP alegar omissão nos certames para forçar as contratações sem licitação, todas as dispensas de pregão foram legais".

E A PREFEITA?

A reportagem também procurou a prefeita Délia Razuk (PR) para posicionamento, porém, segundo a assessoria de comunicação, a chefe do executivo não vai se pronunciar por “não ter nada a ver” com os fatos apontados na denúncia do MPE. 

Vale ressaltar que, mesmo sem qualquer envolvimento no suposto esquema de fraude, o cargo estabelecido aos agentes envolvidos na ação foram escolhidos a dedo pela gestora.

*Matéria editada às 10h46 para acréscimo de posicionamento da defesa de Anilton Garcia.

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