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Produtores pede intervenção federal contra conflitos de terra

A Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), realizou na manhã de ontem uma assembleia extraordinária, convocada pelo presidente Francisco Maia com a finalidade de discutir a posição da entidade sobre as invasões de propriedades rurais no Estado por comunidades indígenas. Os associados da Acrissul resolveram, por unanimidade, elaborar uma nota com pedido de intervenção federal no Estado para conter novas ondas de violência e manter a paz nas propriedades rurais invadidas. A sugestão foi apresentada pelo presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do MS (Famasul), Eduardo Riedel.

Segundo ele, o Mato Grosso do Sul está vivendo um estado de sítio e desordem provocados pela desobediência à Constituição Federal e às decisões judiciais. “Precisamos de uma solução imediata, não existe mais a possibilidade de acordo, depois que os índios voltaram a invadir usando estratégias de guerrilha”, afirmou Riedel.

De acordo com o dirigente, o descumprimento da trégua que foi estabelecida em reunião com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no sábado passado, no Tribunal de Justiça do Estado, caracterizou uma desobediência civil, em que o Estado democrático, de direito, não é vigente.

Francisco Maia, presidente da Acrissul, afirma que esse problema pode ser resolvido desde que haja união e organização dos produtores. “Precisamos de uma estratégia em conjunto com a bancada federal, onde a classe política tem se mostrado muito solidária à nossa causa”, afirmou.

O deputado federal Luiz Henrique Mandetta, presente à reunião e demostrando apoio à classe produtora rural, afirmou que a classe é vítima de um descaso total no Estado. “O governo está agindo de forma discriminatória com a população de Mato Grosso do Sul”, afirmou o deputado, acrescentando que um pedido de intervenção seria a solução para o problema.

A Acrissul também convidou para participar da reunião a antropóloga Roseli Ruiz, que confirmou, durante conversa que teve com lideranças indígenas, que uma instituição não governamental está incitando os conflitos no Estado com ameaças aos índios para que invadam outras propriedades, baseados em laudos fraudulentos elaborados por órgãos federais. “Infelizmente é uma ala da igreja católica que insufla esses embates”, lamentou Roseli.

O ex-deputado estadual Ricardo Bacha, que teve a sede de sua propriedade destruída durante operação de reintegração de posse na semana passada, onde o indígena terena Oziel Gabriel foi morto e um policial ficou ferido, afirmou que o que está sendo discutido não é mais a demarcação das terras indígenas e sim a ampliação delas e da maneira que está sendo feito, à força.

A esposa do produtor rural, Jucimara Bacha, falou emocionada: “não podemos tomar ações pessoais durante a invasão, temos que aceitar que perdemos a terra. Nos resta agora fazer um movimento maior, mais estruturado e unido, que ajude a todos”.

Ela finalizou dizendo que muitos dos índios que estão envolvidos nesses conflitos são tão vítimas quanto os produtores.

fonte: Dourados Agora

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