DOURADOS

Com pacientes nos corredores, médicos do Hospital da Vida denunciam superlotação

Profissionais informaram ao Samu e ao Corpo de Bombeiros que só receberiam novos pacientes se as macas pudessem ficar retidas na unidade hospitalar

Superlotação do Hospital da Vida fez médicos lançarem alerta às autoridades ligadas à Saúde (Foto: A. Frota) Superlotação do Hospital da Vida fez médicos lançarem alerta às autoridades ligadas à Saúde (Foto: A. Frota)

O plantão de domingo (10) no Hospital da Vida teve um apelo formal feito por médicos que denunciaram superlotação acima da média e falta de condições para receber novos pacientes. Esse cenário caótico foi descrito em ofício direcionado ao MPE-MS (Ministério Público Estadual), Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Corpo de Bombeiros, Central de Regulação, Conselho e Secretaria Municipal de Saúde. 

O documento foi assinado pelos médicos Fabrício A. G. Barros, Gabriel José S. Mordies, e Majid, às 19h30. Nele, é relatado que naquele momento o hospital não dispunha de nenhum leito, maca ou colchão livre.

“Estamos com superlotação acima da capacidade máxima, sendo 18 pacientes na área verde, 8 pacientes na área vermelha, área amarela desativada para reforma, as UTIS estão lotadas, as clínicas de internação com quartos e corredores lotados”, descrevem os profissionais responsáveis por cada área.

No ofício, os médicos do Hospital da Vida afirmaram que “devido à superlotação” não havia macas ou espaço para acomodar os pacientes, razão pela qual só seria possível receber novos pacientes se as macas das equipes de socorro do Corpo de Bombeiros e do Samu pudessem ficar retidas.

INTERVENÇÃO

Conforme já revelado pela 94FM, um relatório do Conselho Municipal de Saúde elaborado a partir de diligência realizada no dia 5 de dezembro de 2018 revela que há “risco de colapso irreversível” no Hospital da Vida. Após encontrarem problemas graves durante, conselheiros sugeriram ao MPE-MS que proponha intervenção judicial na Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados).

Anexado ao Inquérito Civil Público número 06.2016.00000437-0, o ofício detalhou que o equipamento autoclave estava quebrado, faltavam materiais para realização de cirurgias como fios de sutura específicas para procedimentos ortopédicos, situação também ocorrida nos dias 3 e 4 a dezembro. (clique aqui para ler mais)

Conforme apurado pelos conselheiros, os prestadores de serviços estão sem receber há até 90 dias. Quanto à UCM, prestadora de serviços de alta complexidade aos pacientes renais crônicos, foi detalhado que recebeu R$ 36 mil referentes ao final de 2017, enquanto ficaram sem ser pagos outros R$ 100 mil. O Laboratório Health Labor Diagnóstico Ltda recebeu R$ 100 mil e tem mais R$ 500 mil a receber. E a Intensicare, que administra leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), aguarda o pagamento de R$ 9 milhões.

EMERGÊNCIA FINANCEIRA

Criada em 2014 para administrar essa unidade hospitalar e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), a Funsaud está em emergência financeira e administrativa desde novembro de 2017 por dívidas superiores a R$ 21 milhões. Na manhã desta segunda-feira (11), seu diretor-presidente, Daniel Rosa, apresentou um diagnóstico das condições financeiras da fundação durante reunião na Câmara de Vereadores.

Nessa ocasião, ele alegou que a superlotação é um problema devido à grande demanda de pacientes de outros municípios. “Além de Dourados, atendemos mais 32 municípios, o que soma quase um milhão de habitantes. Com isso, estamos tomando as tratativas para regular essa situação”, argumentou.

Segundo divulgado pelo Legislativo municipal, o dirigente da Funsaud informou que a UTI do Hospital da Vida está 60% dos pacientes de outros municípios, enquanto a Ala Vermelha, com 20 leitos, tem 13 ocupados por pessoas de cidades vizinhas.

Daniel Rosa detalhou ainda que a Funsaud enfrenta déficit mensal de R$ 1,5 milhão para suas atividades. “O problema da Fundação não é de hoje. Estamos nos desdobrando para colocar a conta em ordem”, pontuou.

O QUE DIZ A FUNSAUD

De acordo com o diretor-presidente da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), Daniel Fernandes Rosa, a superlotação no fim de semana é normal, já que, o Hospital da Vida, que é a principal referência de urgência e emergência no sul de Mato Grosso do Sul, atende 33 municípios, por isso, vive com um número grande de pacientes. E, esse procedimento dos médicos, é normal, para avisar da superlotação aos órgãos competentes.

Ainda de acordo com diretor-presidente, na manhã desta segunda-feira (11), a situação voltou ao normal.

Matéria editada às 08h desta terça-feira (12) para informar a resposta da Funsaud***

 

 

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