DOURADOS

Expoagro termina com "chuva" de reclamações estruturais

Parque de Exposições João Humberto de Carvalho - Crédito: Divulgação Parque de Exposições João Humberto de Carvalho - Crédito: Divulgação

“Enquanto essa organização não mudar, pode vir Lady Gaga que não vou na Expoagro”, disse uma uma internauta em grupo de reclamação no Facebook a respeito da 54ª edição da dita “maior feira agropecuária de Mato Grosso do Sul”, realizada entre os dias 11 e 20 de maio no Parque de Exposições João Humberto de Carvalho, em Dourados.

Chega a surpreender o número de queixas relacionadas ao evento, que há alguns anos, movimentava toda região com euforia e expectativa.

E para saber mais sobre os fatos, o Dourados News ouviu relatos de pessoas que frequentaram a feira para identificar as principais reclamações apresentadas. 

Algo em comum relato pela maioria dos frequentadores foi o preço. Logo ao chegar no Parque de Exposições João Humberto de Carvalho, o consumidor já era obrigado a arcar com o custo de R$ 30 para apenas estacionar o carro. 

Ainda teria que desembolsar o ingresso de entrada na feira e para piorar a situação, os produtos comercializados no interior do Parque de Exposições denunciavam a elitização do evento. 

Segundo apurado, uma lata de cerveja de apenas 269 ml custava R$ 5, o que no comércio da cidade chega a ser cobrado no máximo a R$ 2,50. Outro exemplo foi o pastel, que do mais simples, valia R$ 8. 

“A Expoagro não é mais a mesma. Sempre amei me divertir com amigos, de curtir, de valorizar o empreendedor que ali expõe seus produtos. Infelizmente, visam apenas o lucro e acabam esquecendo que quem faz acontecer é o público/consumidor. Lamentável”, desabafa outra pessoa. 

ESTRUTURA

E o que falar da estrutura? Com os preços altíssimos e investimento de recurso público, o que se esperava era a garantia de uma estrutura de qualidade, acessível e suficiente para toda demanda de público. 

Se utilizar banheiros químicos já é uma coisa não muito agradável, imagina quando o número de boxes é reduzido? Esse foi mais um problema relatado pelos frequentadores.

Além disso, lá no estacionamento, cujo valor deixou muita gente de cabelo em pé, diversos motoristas passaram raiva com o verdadeiro atoleiro que se formou após as chuvas intensas registradas na semana passada.

“Sindicato Rural fica aqui o meu apelo, pois vocês estão manchando o nome desse grandioso evento colocando pessoas incompetentes à frente, pense na população e no sucesso que era há anos anteriores”, critica outro consumidor.

SHOWS

A programação cultural também deixou a desejar em alguns pontos. Muitos fãs reclamaram sobre o atraso dos shows. A maioria dos artistas assumiram o palco após a hora programada. 

Entre a programação, o que mais frustrou o público, sem dúvidas foi o show da dupla Jorge e Mateus, que literalmente levou um banho de água fria com o temporal que atingiu Dourados na sexta-feira (18). Já quase 3h, depois de muito vendaval, grande parte dos fãs decidiram ir embora sem ver a dupla. 

Muitos outros foram informados por seguranças da feira que a atração teria sido cancelada, o que não aconteceu. A dupla assumiu o palco, e “sem mimimi” como afirmou o cantor Jorge, cantaram seus sucessos para quem havia decidido encarar o frio, a chuva e a ventania.

OUTRO LADO

Os organizadores preferem não rebater as críticas, porém, afirmam que esta foi a edição com maior sucesso de vendas. 

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Dourados Lúcio Damália, a feira é um conjunto, mas a responsabilidade do sindicato está em promover as atrações técnicas da feira. 

“Não ouvi reclamação de nenhum produtor, apenas elogios. Esta foi a edição que oferecemos maior número de palestras”, contou ao Dourados News

Ele ressaltou que a questão das reclamações sobre os shows, a responsabilidade fica à parte da empresa terceirizada, que promoveu as atrações culturais. 

“Clima a gente não controla. Choveu, esfriou, ventou, quanto a isso não temos o que fazer. Só ressalto que havia todo aparato de segurança em caso de necessidade”, completou Lúcio.

Em nota oficial, o sindicato explica sobre as ocorrências após a ventania que atingiu Dourados pouco antes do show da dupla Jorge e Mateus. 

"O Sindicato Rural de Dourados esclarece que, por uma questão de segurança, a lona das tendas é a primeira que se solta para que a mesma não seja arrancada do chão. Na noite de 18 de maio de 2018, antes do show da dupla Jorge & Mateus, algumas se soltaram por conta dos ventos fortes. 

Toda a infraestrutura passa por vistoria antes da abertura do evento e os alvarás e taxas exigidas pelos órgãos competentes foram apresentados e aprovados. Além dos Bombeiros (civis e militares), a Defesa Civil, o Samu - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - e os brigadistas estavam no Parque para garantir a segurança dos que vieram para o show da dupla Jorge & Mateus.

Lamentamos quanto ao mal tempo, mas eventos em parques abertos estão sujeitos a intempéries climáticas que podem ser previstas, mas não evitadas. Dessa forma, os valores dos ingressos não serão devolvidos", afirmou a nota. 

Para Eder Sato, responsável pela Sato Comunicação, organizadora da Expoagro desde 2017, o único arrependimento foi não ter conseguido 100% dos lanches oferecidos para crianças carentes e alunos da Associação Pestalozzi e Apae, que visitaram a feira.  

Eder afirmou que cumpriu todos os seus propósitos com o evento e que como no ano passado, a preocupação foi “zero violência, restringir entrada sem documentos, ter acesso apenas ao espaço que pagar, menor não consome bebida, e um lazer conveniente à famílias”.

Em relação aos preços, Eder informou que pela primeira vez na história, o Sindicato Rural não contou com verba de arrecadação sindical para promover o evento, desta forma era necessário ter uma fonte de recursos. E ele garante, “estava barato“. 

“O valor de acesso era R$125 para todos os dias da feira, ressaltando que, era cobrado apenas em dias de shows e após às 18h. Tanto é que sábado e domingo tivemos número recorde de famílias visitando o evento”, afirmou. 

Sobre os valores dos produtos comercializados na feira, Eder explicou que os fornecedores definiram um preço pré-tabelado, de acordo com as negociações com o Sindicato Rural. Questionado sobre o pastel de R$ 8, Eder afirmou que o alimento media “quase 30 centímetros”. 

“Já estou com 50% dos estandes do ano que vem fechados. Neste ano, nossos parceiros disseram que o resultado nas vendas foi surpreendente” contou Sato. 

O Dourados News tentou contato com o promotor de evento Daniel Freitas, responsável pelos shows para falar sobre os horários das atrações, mas as ligações caíram na caixa-postal.  

 

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