REGIÃO

Lutando contra invisibilidade, mulheres indígenas querem continuidade da atual política pública de MS

Dona Edith e Mirna são lideranças indígenas - Crédito: Divulgação Dona Edith e Mirna são lideranças indígenas - Crédito: Divulgação

Edith Martins, a maior liderança da Aldeia Jaguapiru é uma mulher  conhecida pela sua luta de enfrentamento a violência , dona Edith comenta sobre a importância das mulheres indígenas terem saído da invisibilidade no governo Reinaldo. 

“O que nós mais queremos é que a gente possa exercer nossos direitos de igualdade, que olhem como Reinaldo olhou para a comunidade indígena, somos mais de 18 mil indígenas nas duas maiores aldeias de Dourados, trabalho com outras mulheres pelo enfrentamento a violência, lutar pelas cotas nas universidades, para que a caravana da saúde não deixe de vir para cá, somos muito felizes por isso. Mas nosso maior sonho é uma Secretaria Indígena, aqui dentro da Aldeia e eu tenho confiança que o Reinaldo vai fazer isso por nós”, comenta.

Dezoito mil indígenas vivem nas aldeias Jaguapiru e Bororó em Dourados, uma das maiores reservas do país. 

“O enfrentamento contra a violência não é cultural, aqui ninguém aprendeu que mulher deve apanhar calada. Muitas vezes íamos pedir recadastramento da cesta básica, mas quando o ônibus da Coordenadoria da Mulher chegou aqui na aldeia, nós recebemos uma palavra de esclarecimento. A partir daí, de fato, percebemos que temos direito também de ser socorridas, assistidas, de termos nossos documentos de identidade, de cuidarmos da nossa saúde. O cuidado e a informação fez com quem a gente levasse essa luta a frente”, comenta Mirna Juliana Martins, liderança da aldeia Jaguapiru e militante do movimento indígena.

A instituição de uma política pública “duradoura” para as comunidades indígenas em Mato Grosso do Sul “vira uma página de discriminação e muitas vezes de ataques de pessoas que entendem que os indígenas não devem ser inseridos na sociedade”, a afirmação é do  governador Reinaldo Azambuja (PSDB), candidato a reeleição.

Segundo o governador, há uma falsa ideia de que ele, por vir do segmento de produtores rurais, não vai atender as comunidades indígenas. “ Pelo contrário, por terem mais necessidades, as comunidades indígenas precisam ser melhor atendidas, precisam do apoio do governo, com uma política pública duradoura, para todas as etnias. 

Os casos de violência contra a mulher nas aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul, no município de Dourados, fizeram com que as próprias índias se mobilizassem para quebrar o silêncio e enfrentassem a violência dos agressores. O governo de Mato Grosso do Sul,  em total apoio às mulheres das aldeias, se uniu à Subsecretaria de Estado de Políticas Públicas para Mulheres (SPPM/MS) e a outros órgãos para lançar a campanha “O protagonismo das Mulheres Indígenas no enfrentamento à violência doméstica e familiar”.

O projeto tem dado voz e munindo as cidadãs indígenas de conhecimento sobre seus direitos para que saibam como agir caso sejam agredidas.

Segundo dados da delegacia de polícia de Dourados, pelo menos 10% de todos os casos de violência contra a mulher registrados no município foram nas aldeias da região, como revela reportagem publicada pelo Portal G1.

A subsecretária da SPPM, Luciana Azambuja, explicou que a iniciativa teve início com Nilza Meirelles, presidente do Conselho Feminino da Aldeia Jaguapiru, a maior do estado, que apresentou a demanda e buscou apoio junto ao governo para reduzir os abusos dentro da comunidade indígena. Após reuniões com lideranças locais, as próprias mulheres da aldeia elaboraram o tema da campanha e o texto em guarani que foi utilizado no material impresso pelo Governo do Estado.

“Foi um trabalho inédito de sensibilização de homens e mulheres da aldeia Jaguapiru. A maior parte das agressões vem dos próprios indígenas e as pessoas de fora tendem a achar que a violência é cultural. Fomos procuradas pelas próprias mulheres que disseram que não, isso não é cultural e não faz parte do dia-a-dia deles”, afirmou.

No projeto, a Subsecretaria de Políticas para as Mulheres trabalha em conjunto com a Polícia Civil e Polícia Militar, com o Conselho Feminino da Capitania da Aldeia Jaguapiru, com a Subsecretaria de Políticas Públicas para População Indígena do Estado de Mato Grosso do Sul e Prefeitura Municipal de Dourados.

 A força-tarefa conseguiu que fosse realizado atendimento mensal na aldeia, ouvindo os relatos das vítimas, das testemunhas e adotando as providências necessárias para a proteção das mulheres e punição dos agressores, visando a garantia de direitos e cidadania das mulheres da aldeia.

“O capitão pediu que nós empoderássemos as mulheres da aldeia dando conhecimento sobre seus direitos. A Polícia Civil leva uma equipe com escrivão, investigadores e assessores e faz depoimento das vítimas, oitiva de testemunhas, oitiva de réus, cumpri mandatos.

Luciana ressaltou que o fato de que ser indígena e estar na aldeia não tira o direito de cidadã dessas mulheres. “É preciso que as mulheres percebam a violência que sofrem por meio do acesso à informação. Elas têm direito à uma vida sem violência, a bens e serviços públicos, à saúde de qualidade, à educação e a uma moradia digna.  As mulheres da aldeia devem ser ouvidas e respeitadas como qualquer cidadã”, concluiu.

“Aqui em Amambai especificamente junto com a SPPM temos buscado fazer um trabalho específico com as mulheres indígenas, levando em consideração as características e cultura dessas mulheres. O primeiro passo é dar voz a essas mulheres muitas vezes invisibilizadas, em seguida através de rodas de conversas com as mulheres e as lideranças/autoridades temos buscado encontrar soluções para os problemas referente à violência doméstica nas aldeias. Complementarmente o oferecimento de cursos de qualificação (Projeto Primeiros Passos no Mercado de Trabalho) a esses mulheres, dando a oportunidade de gerar renda e serem autoras de suas próprias vidas.” 

Ainda de acordo com a Coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres de Amambai, esse olhar diferenciado para as mulheres indígenas demonstram o compromisso do Governo de Mato Grosso do Sul com essas cidadãs o que demosntra que o trabalho precisa continuar.

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