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A Playboy acabou

A notícia causou rebuliço na comunidade masculina, que se acostumou a observar as mulheres mais belas do Brasil ali estampadas. Uma decisão como essa era previsível. A versão americana já havia comunicado o fim da nudez em suas páginas, embora a revista impressa permaneça no mercado com o enfoque em reportagens.

Eu me considero um espectador da realidade. Noto, sobretudo nas redes sociais, uma banalização da beleza. Os corpos femininos e masculinos seguem uma lógica: muitos músculos, formas exuberantes e fotos arrebatadoras para manter o público atento. Com um mercado prolífero desses de graça, por qual razão as pessoas ainda comprariam entretenimento adulto? No caso da Playboy, o fim também estava anunciado pela terrível crise que assola o Grupo Abril.

As reduções de pessoal e cortes de produtos da empresa não são novidade. Antes monopolista de certos setores de informação da mídia, hoje a Abril está cada vez mais mirrada, incapaz de sobreviver ao cenário digital. Mas essas dificuldades não são exclusivas da Editora. Com a derrocada dos impressos, o desafio dos grupos de comunicação é conseguiu angariar adeptos na internet, criando modelos de negócios que rentabilizem suas atividades.

Mas a Playboy vai encerrar suas atividades. A concorrência da pornografia online e das belezas banais espalhadas pela rede encerrou o ciclo da revista. Sites de respeito passaram a dedicar considerável espaço aos cliques seminus de artistas e subcelebridades na rede. Algumas pessoas “mostram demais”. Outras deixam escapar algum ângulo “estrategicamente”, a fim de aguçar a curiosidade e o desejo de seguidores. Isso quando não ficam peladonas livremente.

Em outras palavras, a Playboy perdeu seu chamariz. Nudez virou tema corriqueiro. Sexo, que já foi de tema de constrangimento, hoje é ‘vendido’ com naturalidade, inclusive como elemento noticioso. Nossa sociedade caminha para isso. Talvez a revista tenha puxado o gatilho dos novos tempos, não sei. O certo é que foi um impresso histórico, marcou época e influenciou diretamente a cultura da forma física feminina. Para os fãs, um lamento: acabou.

(*) Gabriel Bocorny Guidotti, bacharel em Direito e estudante de Jornalismo de Porto Alegre – RS

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