POLÍTICA

Lula está preso, mas e Cunha? Onde estão 'celebridades' da Lava Jato que já passaram por Curitiba

A prisão do ex-presidente Lula é considerada por antipetistas como o ponto alto da Lava Jato até o momento. Desde 2014, no entanto, a operação já condenou mais de 140 pessoas entre os principais políticos e empresários brasileiros.

Deputado cassado foi preso preventivamente em outubro de 2016 e levado para a carceragem da PF em Curitiba / Foto: Agência Brasil Deputado cassado foi preso preventivamente em outubro de 2016 e levado para a carceragem da PF em Curitiba / Foto: Agência Brasil

Entre recursos, aumentos e reduções de penas e acordos de delação premiada, alguns esperam o fim de seus processos em liberdade, outros estão em prisão domiciliar.

A Superintendência da PF em Curitiba abrigou alguns dos principais presos nas investigações desde 2014, mas a maioria deles, temporariamente.

Em geral, os presos mais importantes, que ainda têm esclarecimentos a prestar ou que negociam acordos de delação premiada cumprem ao menos parte da pena na carceragem.

Outros são transferidos rapidamente para outros presídios, como o Complexo Médico Penal de Pinhais, no Paraná, que abriga 12 presos da Lava Jato. Eles ficam na 6ª galeria, em celas de 12 metros quadrados que ficam com as portas abertas, para que tenham acesso ao corredor, e podem assistir à televisão.

A manutenção de Lula no prédio da Polícia Federal é uma determinação do Sergio Moro, que é o juiz responsável pela execução da pena.

Lula ficará na cela especial da carceragem até segunda ordem, mas pode ser transferido para o Complexo Médico Penal ou mesmo para um quartel do Exército, caso o juiz considere adequado.

Saiba onde estão agora alguns dos principais presos da Lava Jato:

O deputado cassado foi preso preventivamente em outubro de 2016 e levado para a carceragem da PF em Curitiba, onde, assim como Lula, foi recebido por manifestantes e ficou isolado dos demais presos da Lava Jato.

Ele ficou em uma cela normal, em uma ala mais afastada.

Cunha é réu em dois processos. Um deles envolve o pagamento de propinas da Petrobras para viabilizar a compra de um campo de petróleo na África, o processo pelo qual ele foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão.

Em outro, ele é acusado de receber propina em contratos de compra de navios-sonda, também para a Petrobras.

No terceiro, ele responde por improbidade administrativa, acusado de usar o cargo de deputado para obter vantagens e aumentar o patrimônio.

Atualmente, ele está preso no no Complexo Médico Penal, em Pinhais.

O ex-governador do Rio de Janeiro ficou na carceragem da PF por apenas uma noite, em janeiro de 2018.

Condenado a 14 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e réu em outras nove ações na Lava Jato, ele começou a cumprir a pena no presídio de Benfica, no Rio.

No entanto, uma investigação do Ministério Público Estadual apontou que o presídio teria sido reformado para oferecer regalias a Cabral, como uma academia, uma videoteca e comida especial. Além disso, ele estaria recebendo visitas fora dos horários permitidos.

Ao pedir sua transferência, o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) avaliou que ele também poderia precisar prestar novos depoimentos à PF no âmbito da Lava Jato.

Em janeiro, Cabral foi transferido para o Complexo Médico Penal, em Pinhais. No entanto, na última terça-feira, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou sua volta para Benfica.

Os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski votaram a favor do pedido da defesa, e o ministro Edson Fachin votou contra. Celso de Mello não participou da sessão.

Sob gritos de "ladrão" e foguetes, José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula, chegou à Superintendência da PF em agosto de 2015.

Na época, até servidores da PF saíram do prédio ou foram para as janelas testemunhar a chegada de um dos "homens fortes" do PT.

Dirceu foi acusado pelo Ministério Público Federal de ser um dos responsáveis pela criação do esquema de corrupção na Petrobras

Ele teria indicado o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que negociou os contratos de obras da estatal entre 2003 e 2012 e é acusado de cobrar propina de fornecedores.

Na época, os advogados do petista disseram que sua prisão era "política" e que não tinha "justificativa jurídica".

Ele foi condenado em dois processos na Lava Jato por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, a penas que somam 42 anos de prisão.

Em fevereiro de 2018, tornou-se réu em um terceiro, mas o processo foi suspenso por Moro durante um ano, por entender que ele já havia sido condenado.

Em maio de 2017, ele ganhou o direito de cumprir prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, em Brasília.

Na última segunda-feira, o ex-ministro divulgou um vídeo de apoio a Lula, afirmando que sua prisão é o resultado de uma "longa perseguição judicial, de exceção".

O presidente da maior construtora da América Latina e uma das maiores do mundo foi preso em junho de 2015 e ficou dois anos e meio na carceragem da PF em Curitiba.

Em dezembro de 2017, depois de firmar um acordo de delação premiada, ele passou a cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica em sua mansão no bairro do Morumbi, em São Paulo.

O empresário foi condenado em dois dos seis processos aos quais responde dentro da Lava Jato.

No primeiro, foi sentenciado a 19 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa, para obter contratos em obras da Petrobras.

No segundo, recebeu a pena de nove anos e quatro meses, por um crime de corrupção ativa e 19 crimes de lavagem de dinheiro.

No entanto, por causa do acordo de delação, o juiz Sergio Moro reduziu suas penas para 10 anos de prisão, que serão cumpridos em quatro etapas: dois anos e meio em regime fechado, já cumpridos, mais dois anos e meio em prisão domiciliar, outros 18 meses em regime semiaberto e, por fim, um ano em regime aberto, em que ele poderá trabalhar, mas deve estar em casa nos finais de semana e feriados.

Segundo os termos da delação, Odebrecht também fica impedido de assumir cargos executivos até 2025 e terá que pagar uma multa de R$ 73,3 milhões.

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras ficou preso na carceragem de Curitiba entre janeiro de 2015 e junho de 2016, quando passou para a prisão domiciliar em Itaipava, no Rio de Janeiro.

Ele conseguiu a mudança após firmar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

Ele só pode sair de casa em casos de emergências médicas e audiências na Justiça. Também tem que usar tornozeleira eletrônica.

O ex-diretor já foi condenado pela Lava Jato em duas ações penais a 27 anos e quatro meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Mas o acordo de delação prevê que ele cumpra, no máximo, 25 anos, somando todos os seus processos, e devolva R$ 17 milhões aos cofres públicos.

Cerveró ainda é réu em outras duas ações.

Em abril de 2016, o ex-presidente Lula foi acusado pelo então Procurador Geral da República Rodrigo Janot de tentar obstruir a Justiça comprando o silêncio de Cerveró.

Mas, em setembro de 2017, o procurador da República Ivan Marx, da Justiça Federal do Distrito Federal, pediu a absolvição de Lula, alegando não haver provas. O processo aguarda sentença.

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