Cotidiano

Missa tem cartazes contra reformas e carta de Dom Dimas criticando fim de direitos

No Dia do Trabalho, também é celebrado pela Igreja Católica o dia de São José Operário e fiéis se reuniram em missa especial na Igreja São Francisco na manhã desta segunda-feira (01). Com faixas e cartazes de protesto contra a reforma trabalhista, a celebração seguiu a liturgia precedida por apresentações de danças circulares realizadas por indígenas. Ao final do ritos, uma carta de Dom Dimas tecendo críticas às reformas trabalhistas e previdenciária foi lida.

Com a igreja cheia, o padre Agenor Martins da Silva, que é coordenador de pastoral da diocese, celebrou a missa especial de São José Operário, que é o patrono dos trabalhadores. O pároco afirma que o mártir proveu a vida a Jesus Cristo e que o festejo eucarístico da missa segue a mesma temática.

"O dia de São José Operário é dia dos trabalhadores e trabalhadoras. Assim como São José proveu a vida de Jesus, o trabalho provê a vida. Na medida que os direitos alcançados durante muitos anos e por muita luta estão sendo diminuídos, a celebração da eucaristia da missa dos trabalhadores passa a ter um relevo forte, um contexto forte. Como vamos celebrar a vida se o povo nao tem vida? Então essa missa passa a ter um conteúdo contestatório por causa da circunstância", analisa Padre Agenor. Segundo Silas Fauzi, que faz parte da coordenação de pastoral da Arquidiocese de Campo Grande, este é o primeiro ano que uma celebração é organizada em nível de arquidiocese. "A organização foi feita em conjunto com a Frente Brasil Popular, com participação da Cut e outras forças sindicais", explica.

Carta de Dom Dimas

Além disso, ao final da missa foi lida uma carta do arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, na qual ele manifesta sua preocupação com a situação que o país atravessa. "[...] me dirijo aos irmãos e irmãs de nossa querida Arquidiocese de Campo Grande, para manifestar minha apreensão com relação às reformas que estão em discussão e votação no Congresso Nacional, especialmente, o Projeto de Reforma da Previdência Social (PEC 287/2016), o Projeto de Reforma Trabalhista e a recentemente aprovada Lei da Terceirização, cuja constitucionalidade já é objeto de questionamento no Supremo Tribunal Federal".

adotadas pelo atual governo aliadas pela situação econômica geral do pais causada a ''supressão de postos de trabalho, com um aumento vertiginoso das taxas de desemprego nos últimos meses, deixando milhões de famílias inseguras e desesperançadas".

A reforma da Previdência é outro ponto destacado pelo arcebispo que avalia o sistema previdenciário como uma "conquista do povo brasileiro" e defende que uma auditoria seja realizada para medir o real valor do "do tão falado ‘rombo’ no orçamento".

As mesmas críticas são tecidas quanto à Lei da Terceirização e o projeto da Reforma trabalhista, ao afirmar que os trabalhadores "não [podem], portanto, ser [reduzidos] à condição de mercadoria".

Em março deste ano o líder católico se manifestou em relação às notas emitidas pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Na ocasião ele falou sobre a reforma da Previdência, conteúdo de uma das 3 notas, dizendo que é um assunto importante para todos os brasileiros e deve ser amplamente discutido. "A CNBB prima que um projeto dessa magnitude não deveria se basear apenas em números e vir pronta de cima", comentou. Além da Reforma da Previdência, a CNBB se pronunciou sobre o fim possível fim da isenção de entidades filantrópicas e o foro privilegiado.

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