Saúde

Doenças respiratórias em crianças crescem e colocam pais em alerta

Recém-nascido sendo amamentado pela mãe. (Foto: Governo de MS) Recém-nascido sendo amamentado pela mãe. (Foto: Governo de MS)

Capital

Na Capital, vírus que não registrou casos entre 2019 e 2020, já causou até óbito este ano, segundo a Sesau

O aumento expressivo de doenças respiratórias em crianças entre zero e nove anos de idade é um fenômeno em todo o Brasil nesse período de queda de casos de covid-19 e não é diferente em Campo Grande. Aqui, vírus que não registrou casos em 2019 e apenas um em 2020, já causou até óbito, segundo dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

O Serviço de Vigilância de Vírus Respiratórios da secretaria monitora há pelo menos duas décadas a situação dos casos de SRAG (Síndrome Respiratória Águda Grave), doença que pode ser causada por qualquer tipo de infecção respiratória, seja por vírus ou bactérias, mas há prevalência dos vírus, como foi o caso, em 2020, do SARS-CoV-2, causador da covid.

Neste final de 2021, com a queda de casos do novo coronavírus, o que chama atenção diante dos dados da síndrome, é o aumento dela nas crianças e tudo indica que “a volta ao normal” seja uma das causas.

O boletim Infogripe da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) que é semanal traz alerta para o reaparecimento de outros vírus respiratórios, além do SARS-CoV-2, que vem causando SRAG em crianças de até nove anos. Na Capital, os três mais presentes são o VSR (Vírus Sincicial Respiratório), o Adenovírus e o Rinovírus.

Conforme a publicação, em relação ao VSR, o maior aumento ocorre atualmente nos estados do sul do Brasil, mas “diversos estados da metade centro-sul do país apresentam presença relevante de casos positivos de VSR em crianças”, e isso inclui Mato Grosso do Sul.

O pequeno Caetano, de quase dois meses e a irmãzinha, Maria, de 1 ano e quatro meses pegaram resfriado há algumas semanas, mas foi o menorzinho que precisou de um atendimento mais específico. Com dificuldade de respirar, ele está com suspeita de bronquiolite, uma das doenças que pode ser desenvolvida após contato com o VSR.

O papai Cléber Géllio fala que o menino teve os primeiros sinas de resfriado há uns quatro dias e precisou procurar o médico porque agravaram, com um pouco de febre e principalmente a dificuldade de respirar.

Para ele, o fato da rotina estar “mais livre”, pode ter contribuído para a infecção das crianças. “Nós mesmos não saímos muito de casa, mas está voltando a frequência da convivência dos outros com as crianças, os familiares e os primos. Difícil afirmar que foi isso, mas pode ter a ver sim”, comentou.

É gripe? - A gerente técnica do Serviço de Vigilância de Vírus Respiratórios da Sesau, Alessandra Lyrio Barbosa explica que os vírus respiratórios causam as síndromes gripais, que nada mais são do que as doenças que têm sintomas comuns às gripes e resfriados.

Na outra ponta estão as SRAGs, que decorrem dessas mesmas infecções, mas agravam e precisam que haja internação.

“Com a covid, houve uma queda brusca na ocorrência desses outros vírus. Os casos deles diminuíram ou desapareceram, cremos que por conta o uso das máscaras, maior higienização e as crianças ficaram bom tempo sem irem à escola”, disse.

No ano passado, para se ter uma ideia, as escolas particulares retomaram as atividades em setembro e as públicas, somente em outubro deste ano. “Em 2020 as pessoas ficaram mais reclusas com a pandemia e a maioria das crianças não apresentou outras doenças porque não estavam em contato constante com outras crianças”, analisa.

Conforme Alessandra, como ainda estão em desenvolvimento, inclusive do sistema imunológico, as crianças são mais propensas a casos recorrentes de problemas respiratórios e depois de um ano “confinadas”, esse sistema está “aprendendo de novo e fazendo o reconhecimento dos vírus”.

Ela lembra que cada criança vai desenvolver as infecções de maneira diferente, com possibilidade de agravamento se houver comorbidade. “O ideal é que no primeiro sinal mais grave, se procure o pediatra para acompanhar, porque em qualquer quadro persistente é preciso ter a correta orientação”.

Além disso, reforça que a prevenção é sempre a mesma para qualquer vírus respiratório: lavar sempre as mãos, evitar leva-las aos olhos, nariz e boca, usar álcool em gel e agora, com as máscaras, tê-las como aliadas.

Casos –  Este ano, Campo Grande registrou 117 casos de vírus sincicial e seis óbitos decorrentes de SRAG ocasionada por ele. Ano passado, foram apenas 22 e sem mortes. De adenovírus, já houve 12 casos este ano e nove em 2020.

Já de rinovírus, houve apenas um caso no ano passado e em 2019, nenhum. Já este ano, são 52 com uma morte. Confira os dados em tabela nesta página. Todos esses números são obtidos após internação.

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