Saúde

MS tem 3ª maior letalidade por covid entre povos indígenas

Pelo menos 89 pessoas que moram em terras indígenas foram levadas pelo coronavírus

Em ato simbólico, primeira pessoa vacinada contra a covid-19 em Mato Grosso do Sul foi uma mulher indígena (Foto: Arquivo/Campo Grande News) Em ato simbólico, primeira pessoa vacinada contra a covid-19 em Mato Grosso do Sul foi uma mulher indígena (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

O Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) de Mato Grosso do Sul é o terceiro dentre os 34 de todo o Brasil onde o coronavírus tem se apresentado mais letal. A cada 50 indígenas que se infectam com covid-19, um morre.

Levantamento feito pela reportagem calculou a quantidade de casos e mortes acumulados em todos os distritos brasileiros e verificou que o índice, no Estado, é de aproximadamente 2%.

A taxa é superada apenas por Alto Rio Solimões (2,2% de letalidade) e Xavante (6%) - o distrito localizado no estado vizinho, Mato Grosso, registra três vezes mais probabilidade de mortes da população local.

Em matéria publicada no ano passado, foi apurado que alguns grupos sociais tinham índices menores em relação à vulnerabilidade quanto ao coronavírus, em detrimento de outras etnias.

Naquela oportunidade, o professor e pesquisador pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) Adeir Archanjo da Motta ressaltou que o maior acesso a recursos financeiros proporcionam acesso a testes e à saúde. "Qualquer indicador de saúde vai chegar nas mesmas conclusões. É uma 'desigualdade social da saúde'".

"Onde você nasce determina quantos anos de vida vai ter e como vai ser sua saúde, como você vai viver, comer e adoecer. Isso não é uma 'prisão fechada', porque podemos mudar nossa realidade, mas o contexto influencia", explicou da Motta.

Em coletiva feita antes da confirmação dos primeiros casos entre indígenas sul-mato-grossenses, a professora e pesquisadora pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Ana Lucia Pontes, explicou que a disseminação de doenças em aldeias tende a ser muito mais rápida do que em regiões urbanas, devido a uma série de fatores sanitários. “Aconteceu surto de H1N1, influenza, em outras epidemias anteriores, outras gripes. Vimos que rapidamente uma comunidade toda, ou boa porcentagem é atingida”.

Esse foi um dos fatores que levou o Ministério da Saúde a incluir essa etnia na lista de prioridades do PNI (Plano Nacional de Imunização). Ainda que muitas mortes já tenham ocorrido e que não tenham cessado totalmente, o início da vacinação já fez com que as mortes reduzissem em pelo menos 66%, conforme já reportado pelo Campo Grande News.

Em meados de setembro do ano passado, o distrito sul-mato-grossense já era o que mais acumulava mortes por covid entre indígenas. Conforme dados atualizados nesta terça-feira (18), foram mais de 4,3 mil infectados, dos quais 89 não resistiram e faleceram, desde o início da pandemia. Atualmente, há pelo menos 12 casos suspeitos e mais de 100 com o vírus "ativo".

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