Saúde

"Só quem sentiu na pele, sabe o quão agonizante e aterrorizante é essa doença", diz Secretário de Saúde de Dourados

Em entrevista ao Jornal O PROGRESSO, o atual Secretário Municipal de Saúde, médico intensivista Gecimar Teixeira Junior, de 36 anos, que também já ocupou o cargo de diretor técnico da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), relatou a experiência que teve após ter sido contaminado pelo novo coronavírus. O profissional ficou quase 6 dias intubado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) devido as complicações da COVID-19.

Na entrevista Gecimar relatou momentos de agonia provocados pela doença. O médico também falou sobre algumas medidas adotadas pelo munícipio para dar suporte aos profissionais da saúde, que estão na linha de frente da pandemia. Confira:

Sua contaminação ocorreu devido a contato com paciente? Como a medicina encara trabalhar de frente com o perigo? Estava ciente que poderia ser contaminado pelo coronavírus?

R: Sobre minha contaminação, com certeza foi pela alta carga viral em que eu estava exposto, e por alguns pacientes que atendi, que a princípio não atendia os pré-requisitos diagnósticos que me fizessem atentar para a possível doença! Estes pacientes tinham sintomas totalmente atípicos! Sempre estive ciente do risco de contaminação, mas não tem como correr da responsabilidade!

Quando notou os sintomas? Quais fatores agravaram seu quadro de saúde para que ficasse na UTI? R: Notei os sintomas uns 5 dias antes da piora grave. O que agravou em mim foi a dispneia grave, que me levou a ser intubado ainda no quarto, antes de ir pra UTI.

Durante o período na UTI estava consciente? Chegou a pensar que poderia não resistir à doença? Como foram esses dias internado?

R: Durante os quase 6 dias que fiquei intubado na UTI, estive inconsciente, mesmo os meus colegas me contando depois que fui de difícil sedação, tendo que fazer uso de bloqueador neuromuscular associado a sedação pesada para me conter na cama! Após eu sair do tubo, sim estive consciente, rapidamente logo apos ser retirado o tubo. Não cheguei a pensar que não iria resistir a doença, mas pensei que poderia voltar ao tubo, e então receber uma traqueostomia.

E a recuperação foi difícil, demorada? A que fatores ou a quem você atribui o vencimento da doença? R: A recuperação foi rápida! Demorou um pouco para voltar a força muscular pelo uso prolongado de bloqueador neuromuscular que disse acima (usado durante o período que estive intubado), mas voltou uns 90% em uma semana. O fator que contribuiu muito para minha recuperação foi a fisioterapia especifica.

Qual mensagem que deixa para os demais médicos e profissionais da saúde que estão atuando na linha de frente? R: A mensagem que deixo para os profissionais da linha de frente é que Deus abençoe a todos nós, pois para vencer uma doença dessas, de características improváveis e até desconhecidas, teremos que ter sim ajuda do Alto! Podem contar comigo, pois tentarei fazer o melhor possível para ajudar na proteção e enfrentamento. Só que sentiu na pele, sabe o quão agonizante e aterrorizante é essa doença!

Como o município tem atuado para dar suporte aos profissionais da saúde?

R: Sobre a atuação do município estou me inteirando agora. Mas ao menos na Media e Alta Complexidade (a comando da Funsaude) a principio tem tido o apoio na melhor forma possível! Sabemos das dificuldades, mas tenho visto a Funsaude se esforçando em fazer o melhor!

Qual o posicionamento do município em relação ao Kit COVID-19?

R: Sobre o kit covid, é uma situação que precisa ser avaliada por especialistas e técnicos no assunto. É um assunto delicado, que acaba entrando em questões politicas! Mas não posso deixar isso ser definido e decidido por anseios políticos! Prefiro deixar isso a critério do Núcleo Técnico (o qual é formado por médicos) e pelos infectologistas atuantes no enfrentamento Covid.

 

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