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A gratidão está na moda

Já reparou que a palavra gratidão está na moda? A utilização do termo virou até reportagem nos telejornais. Isso porque gratidão está entre as palavras mais usadas no último ano. Não pretendo aqui divagar, de maneira rasa sobre o pseudo status que podemos alcançar ao nos utilizarmos de uma expressão da moda, simplesmente para estarmos na crista da onda, nessa sociedade de superficialidades.

O que eu pretendo de fato é provocar uma reflexão sobre a verdadeira necessidade de sermos gratos por tudo o que recebemos da vida. Isso vale também para os momentos de dificuldades e tristezas. Quando tudo ao nosso redor flui bem, é natural que consigamos ter um comportamento tranquilo diante do mundo. No entanto, em dias mais desafiadores é que somos realmente testados. Se, em dias de não, conseguimos manter a gratidão diante da vida, diante das possibilidades que crescimento, significa que estamos no caminho certo.

Tenho certeza, que assim como eu, você já deve ter reclamado da vida, dos atrasos, dos obstáculos. Sim, de fato não é fácil enfrentar esses desafios. Mas, precisamos sempre ter em mente que existe uma causa maior para as aflições. O que passamos faz parte do nosso processo de desenvolvimento. Contextualizando o tema com a doutrina espírita, encontramos em Joanna de Angelis, no livro "Psicologia da Gratidão", algumas colocações que fazem pensar. Primeiro, diz ela que "a gratidão é a assinatura de Deus colocada na Sua obra." Essa frase não é fantástica? Se no mínimo fôssemos gratos pelo planeta em que vivemos, pelo ar que respiramos, pelo azul do céu, pelo canto dos pássaros, já teríamos aprendido a reconhecer que há uma força suprema que preparou todo esse ambiente para a nossa sobrevivência e possibilidade de evolução.

Seguindo a linha de raciocínio de Joanna de Ângelis, no mesmo texto já mencionado, veja só: "Quando o egoísta insensatamente aponta as tragédias do cotidiano, as aberrações que assolam a sociedade, somente observa o lado mau e negativo do mundo, está exumando os seus sentimentos inconscientes arquivados, vibrantes, sem a coragem de externá-los, de dar-lhes campo livre no consciente".

Os mais novos certamente não se lembrarão, mas aqueles que, digamos, são um pouco mais maduros, assim como eu, com certeza vão reconhecer nesse comportamento citado por Joanna, aquele personagem de desenho animado que dizia o tempo todo: "Ó vida, ó azar". E quantas vezes nós também não agimos assim? Se o desenho animado foi criado por uma pessoa, o personagem teve uma inspiração, não é verdade?

Estamos rodeados o tempo todo por pessoas que só conseguem enxergar o lado negativo das coisas. Por pessoas que observam defeitos apenas no outro e são incapazes de ver que elas também têm suas limitações. Afinal de contas, quem aqui está livre disso?

Quando reconhecemos que somos seres imperfeitos, damos o primeiro passo para entender, que o outro também é assim. Indo mais fundo pra dentro de nós, vamos chegar ao centro da questão. Seremos capazes de perdoar. Ao perdoarmos, finalmente, vamos agradecer. Agradeceremos por não mais cultivarmos em nós sentimentos ruins diante de alguém ou de uma situação. Seguiremos em frente porque só cabe ao indivíduo o caminho da própria mudança. Não podemos aprender pelo outro. Assim como, não podemos viver momentos felizes por ninguém. O que faz cada um feliz é muito relativo. Nessa trajetória toda, tem uma coisa que podemos, sim, fazer pra tentar ver um mundo mais saudável: vigiarmos nossas atitudes. Quando temos um pensamento ruim, podemos tentar mudar o foco. Quando vem aquela vontade de fazer um comentário depreciativo e percebemos antes da fala, podemos deixar de dar a nossa opinião. São pequenos gestos, que, aos poucos, vão nos educando. É óbvio que não mudaremos da noite para o dia e deixaremos totalmente de reclamar. Não é fácil. É como lapidar uma pedra preciosa em que o valor está em cada um. E olha que não sou eu que estou dizendo isso. É Joanna: "a paz de fora inicia-se no cerne de cada ser."Diante disso, só posso lhe agradecer por ter lido esse texto até o final.

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