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Aos 90, Mirtes não para de trabalhar e vira vovó de todos na Afonso Pena

Maria Mirtes Vito Leite é fiel ao seu ponto de vendas na Avenida Afonso Pena. (Foto: Marcos Maluf) Maria Mirtes Vito Leite é fiel ao seu ponto de vendas na Avenida Afonso Pena. (Foto: Marcos Maluf)

Comportamento

Depois de se aposentar, Mirtes garante que só continua trabalhando porque gosta

Todos os dias, Maria Mirtes Vito Leite acorda cedo, prepara o café e segue para seu ponto de vendas na Avenida Afonso Pena. Aos 90 anos, a idosa garante que até tentou ficar em casa sem trabalhar quando se aposentou, mas descobriu que gosta mesmo é da rotina na rua.

Simpática com cada um que passa pela quadra da Afonso Pena entre a 14 de Julho e Calógeras, dona Mirtes virou a vovó de todo mundo na calçada da avenida. Seja pela manhã ou de tarde, as equipes do Campo Grande News se surpreenderam com o carinho da idosa tanto com os outros vendedores quanto com o público em geral.

E, mantendo a simpatia, Mirtes nos recebeu de braços abertos e sorriso no rosto para contar sobre sua história. “Eu tenho uma vida maravilhosa, minha filha. Gosto de todo mundo, quase todo mundo gosta de mim e não quero ficar em casa não”.

Declarando logo de início que continua trabalhando porque se diverte, a idosa explica que conseguiu sua aposentadoria há 23 anos. Durante três meses até ficou sem trabalhar, mas logo percebeu que queria voltar a ter uma rotina com a cidade.

Cearense, dona Mirtes mantém o sotaque mesmo tendo se mudado para Campo Grande há mais de 50 anos, quando decidiu que precisava recomeçar. “Eu me separei de um cafajeste lá e minha família toda morava aqui em Campo Grande, no Piratininga. Minha mãe escreveu para mim, eu escrevi para ela e ela me disse para vir embora para cá. Peguei minha filha e vim, na época eu não tinha nem 40 anos”.

Durante sua vida em Fortaleza, a vendedora trabalhava dando aulas para crianças em fazendas e usava o restante do tempo bordando. Por aqui, não conseguiu manter as profissões e logo no início encontrou um emprego como cozinheira.

Brincando que não sabia nem preparar feijão em grande quantidade, Mirtes dá risada contando que jurou dar conta para garantir o emprego. “Deu certo no fim, minha patroa era uma senhora muito distinta, me ensinou tudo o que precisava saber”.

Aos poucos, dona Maria conseguiu reconstruir a vida em Mato Grosso do Sul e durante o fim de seu período de trabalho formal se dedicou a alunos e professores. “Me aposentei com o Colégio Dom Bosco. Lá onde a pessoa precisava eu ia. Viajava com os padres, alunos e não tinha falta de lugar para mim. Fazia de tudo um pouco”, diz.

Trabalhando nas ruas há 23 anos, a idosa conta que começou cuidando de carros estacionados, mas há 9 anos resolveu vender panos de prato e outros objetos variados na Afonso Pena. “Nem no meu aniversário desse ano eu quis comemorar com festa, quis vir trabalhar mesmo. Aqui eu tenho muita gente, gosto de ficar sentada tendo coisa para fazer”.

Completando que nem se imagina desistindo de acordar cedo para seguir a rotina de trabalho, Mirtes diz que seu maior orgulho é nunca ter dependido de ninguém e poder continuar independente até hoje. “Toda vida trabalhei, sempre tive meu dinheiro e nunca dependi de ninguém. Nunca passei necessidade na minha vida, não devo nada para ninguém. Então eu tenho uma vida boa, uma vida que eu gosto”.

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