A coletiva de imprensa concedida na manhã desta segunda-feira (17) revelou detalhes ainda não divulgados sobre a investigação que levou à prisão dos envolvidos na morte do padre Alexsandro da Silva Lima, em Dourados.
Os detalhes foram apresentados pelo delegado regional da Polícia Civil Adilson Stiguivitis e pelo delegado do SIG (Setor de Investigação Geral), Lucas Albe, que conduziram as diligências no sábado (15).
Conforme Stiguivitis, o caso começou a tomar forma no sábado (15), quando a delegacia regional recebeu a informação do desaparecimento do religioso.
“Integrantes da paróquia relataram que o padre não compareceu a uma reunião que estava agendada e o celular dele estava sendo atendido por outra pessoa, que dizia ter encontrado o aparelho em um terreno baldio, situação considerada estranha. Com base nisso, passamos o caso para o SIG, que iniciou uma série de diligências”, afirmou Adilson.
A pessoa que estava com o celular concordou em entregá-lo aos policiais e indicou o local onde teria encontrado o aparelho, próximo ao Instituto Federal.
“O nosso núcleo de inteligência conseguiu contato com a pessoa que estava com o celular. Essa pessoa informou que entregaria o aparelho para um policial. Fomos até a casa dela, ela entregou o telefone e indicou o local onde havia encontrado: um matagal perto do Instituto Federal”, relatou Lucas Albe.
Em seguida, enquanto os investigadores faziam buscas nos arredores do local indicado, o carro do padre apareceu circulando com quatro jovens dentro. “Quando estávamos realizando diligências na região, nos deparamos com o veículo do padre sendo conduzido por um indivíduo com mais três pessoas no interior. Isso chamou atenção imediatamente”, afirmou Albe.
A abordagem confirmou a desconfiança. “Assim que questionamos sobre a situação do carro, o condutor prontamente confessou que teria roubado o veículo do padre e que o teria matado. Então, mesmo antes da localização do corpo, nós já sabíamos quem era o autor do crime e sabíamos que o padre estava morto”, disse o delegado.
Enquanto isso, outra equipe já verificava a casa onde o padre passou a noite. “O local estava desorganizado, sujo, portas abertas. A perícia encontrou sangue e indícios de que o ataque poderia ter ocorrido ali”, explicou Albe.
Com a confissão, a polícia passou a investigar a participação dos outros ocupantes do veículo. De acordo com os delegados, dois deles, sendo um adulto e um adolescente, foram os responsáveis diretos pelo roubo e pela morte. Os demais, sendo um adulto e duas adolescentes, atuaram no pós-crime.
“Eles auxiliaram na limpeza da residência para tentar esconder indícios, carregaram o corpo dentro do carro e levaram até o Distrito Industrial. Também furtaram objetos da casa do padre, que depois foram encontrados na residência deles”, afirmou Albe.
O corpo do religioso foi localizado no bairro Distrito Industrial, enrolado em um tapete. A dinâmica indicou que houve participação de mais de uma pessoa no transporte do corpo. “O padre era maior do que o autor, então ficou claro que ele teve auxílio”, explicou o delegado do SIG.
Conforme já noticiado pelo Dourados News, no domingo (16), o grupo passou por audiência de custódia, apenas dois dos cinco acusados tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, os demais devem responder, a princípio, em liberdade pelos crimes de ocultação de cadáver e fraude processual ao tentarem eliminar as provas do crime.

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