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Dourados 87 anos: "novos douradenses" ajudam a escrever capítulos desta história

Dourados tem se tornado destino de pessoas de várias partes do Brasil e outros países - Crédito: Hedio Fazan/Dourados News/Arquivo Dourados tem se tornado destino de pessoas de várias partes do Brasil e outros países - Crédito: Hedio Fazan/Dourados News/Arquivo

Uma cidade acolhedora, cheia de possibilidades e oportunidades para todos, Dourados completa 87 anos de uma história ainda recente e que tem sido escrita por diversas mãos, onde algumas delas chegaram aqui sem querer, muitas vieram na esperança de construir um futuro melhor e outras esperavam apenas passar, mas acabaram ficando. A cultura de Dourados sempre teve influências de pessoas de fora e hoje os novos tempos também trouxeram novos personagens para essa história.

Atualmente os descentes de nossos primeiros habitantes permanecem na região e formam a 2ª maior Reserva Indígena do País, com mais de 17 mil pessoas em uma área de 3,5 mil hectares.

Já os povos não-indígenas chegam por volta de 1860. Em 10 de maio de 1.861, foi fundada a Colônia Militar de Dourados, sob o comando de Antônio João Ribeiro, quando ocorreu a invasão paraguaia e muitos ex-combatentes permaneceram no local.

Mais tarde vieram algumas famílias dos Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná em busca de novas terras, desenvolvimento pastoril, a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e a exploração dos extensos ervais impulsionado pela ação da Companhia Mate Laranjeira S/A.

Em 20 de dezembro de 1935, enfim nasce a nossa Dourados, quando a cidade se emancipa de Ponta Porã. 

Na década de 1970 a cidade se firma como centro regional do sul de Mato Grosso do Sul  e começa a se desenvolver cada vez mais e na década de 2000 inaugura a UFGD, primeira universidade federal da cidade e que reforça o campo educacional que já contava com outras instituições fortes instituições, se tornando assim, uma cidade universitária.

Esse cenário ajudou a se familiarizar uma vez que ela veio do interior de Rondônia para cursar Ciências da Computação na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

Após concluir foi para o Mato Grosso à trabalho e quase dois anos depois, retornou para Dourados após passar em um processo seletivo da UFGD, onde permanece até hoje.

“Hoje a cidade está bem diferente de quando eu cheguei, muitas coisas abandonadas, o trânsito está violento, as pessoas tensas e a cultura (área em que atua) está sofrendo muito com a falta incentivo. Mas eu tenho esperança e acredito que a cidade possa se tonar mais sensível e acolhedora. Acredito na arte e cultura como fator mobilizador e espero que essas áreas possam receber mais investimentos”, conta.

O professor de economia Enrique Duarte Romero, 56, saiu do Paraguai em 2000 para trabalhar no Brasil, ficou em Corumbá (MS) até 2011, momento em que passou por um triste episódio ao perder um filho e decidiu vir para Dourados com família na esperança de recomeçar em um lugar onde pudessem construir memórias mais felizes.

Após um processo seletivo começou a atuar na UFGD, onde foi conquistado pela receptividade das pessoas e o grande potencial econômico da cidade.

Ele ressalta que desde quando chegou, Dourados saiu da esfera do agronegócio e expandiu as possibilidades, com o fortalecimento do setor de serviços, indústria e educação.

“A cidade está mudando, precisamos aproveitar melhor todos os recursos que ela oferece”, afirma.

“Uma coisa apenas eu critico, falta algo culturalmente próprio de Dourados. Temos muitas coisas que vieram de outros lugares, como o tereré e a sopa paraguaia. Falta algo que diferencie, um símbolo, uma identidade que caracterize especificamente o douradense. Entretanto, o turismo de eventos tem se destacado com eventos como a Expoagro, por exemplo”, ressalta o professor.

Ele chegou aqui em 2018 para trabalhar em uma empresa do ramo alimentício. No começo teve dificuldades para se adaptar com o português, mas logo conseguiu se inserir.

Hoje o jovem atua como técnico de refrigeração e descreve Dourados como uma cidade diferenciada, boa, calma e com moradores amigáveis.

“Eu realmente gosto de morar aqui. Você pode sair para a rua tranquilamente, não se corre perigo”, afirma.

Para ele o que precisa mudar para Dourados se tornar melhor são os buracos nas ruas, “hoje mesmo furou o pneu enquanto eu ia para o trabalho”.

Já a autônoma Maria Luiza Seifert Sobrinho, 24, chegou em Dourados em 2013. Ela veio de Marabá, no Pará.

Uma mudança repentina que no começou trouxe um misto de sensações com a diferença cultural, mas logo se sentiu muito bem acolhida pelas pessoas que curiosas para saber mais sobre as culturas de alguém que veio de tão longe.

Para ela o crescimento constante, o potencial econômico e as oportunidades são pontos que fazem Dourados se destacar no Estado.

“Dourados tem um potencial gigante de desenvolvimento, e as pessoas realmente investem nisso aqui. Eu gosto da forma com a qual quem nasce aqui, ou quem vem morar aqui, não quer mais ir embora. A cidade te abraça”, afirma.

E assim Dourados segue escrevendo sua história. Um enredo repleto de esperança, sonhos, novidades, frustrações, recomeços e a força de um povo aguerrido e acolhedor, que se reinventa a cada dia e faz da maior e mais importante cidade do interior do Mato Grosso do Sul uma terra para todos!
 

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