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Indígenas mantêm bloqueio no Anel Viário de Dourados sem previsão de liberação

Mobilização permanece ativa e a rodovia continua fechada nos dois sentidos - Crédito: Clara Medeiros/Dourados News Mobilização permanece ativa e a rodovia continua fechada nos dois sentidos - Crédito: Clara Medeiros/Dourados News

O bloqueio realizado por indígenas no Anel Viário de Dourados, entre a Avenida Guaicurus e a MS-156, segue nesta sexta-feira (12). Depois do protesto iniciado no dia anterior contra o marco temporal, a mobilização permanece ativa e a rodovia continua fechada nos dois sentidos.

Conforme apurado pelo Dourados News, a Polícia Militar Rodoviária mantém equipes no local para organizar o fluxo e orientar motoristas. 

Segundo o tenente Rodrigo Froes Galuci, caminhões que chegam pela MS-156 estão sendo redirecionados para a BR-463, já que não há previsão de liberação por parte dos manifestantes. 

Ele explicou que, apesar de uma abertura temporária na noite de quinta-feira para passagem de carretas, o grupo informou que não pretende liberar novamente sem receber retorno de Brasília. “Eles não têm previsão de liberar. Seguimos acompanhando”, afirmou o tenente.

Entre os manifestantes, a liderança Nayara Arce da Silva, do povo Kaiowá, contou que a mobilização começou por volta das 14h50 de quinta-feira (11). No fim da tarde, eles liberaram caminhões devido ao risco de acúmulo, já que outro trecho da BR também estava fechado. Depois disso, permaneceram no local durante toda a madrugada. 

“Estamos aqui com mulheres e crianças. Não dormimos, ficamos segurando a BR (sic)”, relatou.

Nayara explicou que a comunidade teme que uma eventual aprovação do marco temporal resulte em despejos.

Ela diz que o grupo espera uma manifestação oficial de autoridades antes de deixar a via. “Queremos que alguém venha conversar, trazer informação clara. Precisamos saber se foi aprovado ou não. Sem resposta, vamos continuar aqui”, afirmou. 

Marco Temporal

Conforme noticiado pela Agência Brasil, o STF encerrou nesta quinta-feira (11) a fase de sustentações orais em quatro processos sobre o marco temporal.

Como o recesso do Judiciário começa no próximo dia 20, a votação dos ministros ficou para o ano que vem. A Corte já considerou a tese inconstitucional em 2023, mas o tema voltou a gerar disputa após o Congresso derrubar o veto presidencial que barrava a regra.

A proposta determina que os povos indígenas só teriam direito às terras ocupadas até 5 de outubro de 1988, data da Constituição. Partidos como PL, PP e Republicanos defendem o marco temporal e levaram o tema ao STF para manter a validade da lei. Do outro lado, organizações indígenas e partidos governistas contestam a medida. 

 

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