MERCADO FINANCEIRO

Número de investidores de Mato Grosso do Sul na bolsa de valores dobra em um ano

No ano passado 13.280 pessoas investiram na B3; em 2020 o número chegou a 29.677

Thiago Coelho é analista de riscos na Take Investing - Álvaro Rezende/Correio do Estado Thiago Coelho é analista de riscos na Take Investing - Álvaro Rezende/Correio do Estado

Investir na bolsa de valores tem se tornado mais atrativo para os sul-mato-grossenses. Conforme os dados da B3, a bolsa de valores, o número de investidores de Mato Grosso do Sul mais que dobrou no intervalo de um ano. 

Em outubro de 2019, 13.280 pessoas investiam em ações da B3; já no mesmo período de 2020 foram registrados 29.677 investidores, crescimento de 123,47%.

O analista de riscos da Take Investing, Thiago Coelho, explica que desde 2015 os investimentos mais básicos, como a poupança, ficaram desinteressantes, o que fez com que mais pessoas se interessassem por renda variável.  

“No médio prazo, conforme as rendas fixas foram ficando desinteressantes, pois os juros e inflação [que são indexadores de vários produtos] foram baixando, houve uma corrida para o mercado de renda variável. Quanto mais caem os juros e inflação, menos geram rendimentos as rendas fixas, e com isto o olhar para a variável foi inevitável, tanto para grandes investidores como para os pequenos”, disse Coelho.

Ele ainda reforçou que, com o desemprego e o fim de pequenas empresas, muitos resolveram aplicar recursos.

“Todas essas pessoas começaram a buscar alternativas para tentar manter uma renda mínima e também proteger o pouco capital que ficou seguro”, analisa.

Para Trajano Ellera Gomes, sócio na Expertise Investimentos, credenciado da XP Investimentos, a queda da Selic a 2% ao ano foi importante para a migração de mais pessoas para a bolsa. 

“A taxa básica de juros é a referência de rentabilidade para 90% da renda fixa emitida no Brasil. Esses investimentos tradicionais e conservadores perderam a atratividade, pois após descontar os impostos e a inflação seria como uma rentabilidade negativa de 2,3% nos últimos 12 meses. Isso faz com que vários investidores comecem a buscar alternativas para as suas aplicações, de forma a não só corrigir o valor da inflação, mas também gerar um rendimento acima dela”, considerou.

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Conforme os dados da B3, em valores também houve crescimento de 140,78%. No ano passado, o montante em custódia referente a investimentos de sul-mato-grossenses era de R$ 760 milhões em outubro. No mesmo período de 2020 o montante passou a R$ 1,830 bilhão.

A maioria dos investimentos é realizada por pessoas do sexo masculino. Em 2019, o número de homens originários de MS que investiam na B3 era de 10.583, enquanto neste ano o total subiu para 22.667. Já a quantidade de mulheres que investiam no ano passado era de 2.697, e em 2020 são 7.005.

De acordo com Gomes, ao começar a investir é importante diversificar a carteira de investimentos.

 “Em classes de ativos (renda fixa, multimercado, ações, etc.), e as ações devem compor uma parte da carteira que ficará voltada para o longo prazo. Já com essa carteira diversificada, também existe a importância de diversificar a cesta de ações em diferentes setores”.

Coelho ainda ressalta que é preciso estar ciente ao investir em ações que toda movimentação atípica na política nacional e mundial vai refletir.

“Antes de se preocupar com a escolha do que irá negociar, é preciso se capacitar em cursos, para aprender o que é o mercado de capitais. Para escolha de um ativo, é absolutamente necessário a pessoa entender do negócio daquela empresa, o que ela faz, quais são os riscos que ela possa estar exposta, qual é a essência do negócio que faz ela gerar valor”.  

Segundo os especialistas no mercado financeiro, o principal risco é a empresa na qual investiu ir à falência. 

“[Falência é] algo que não temos visto nos recentes anos, apenas pedidos de recuperação judicial, onde a empresa pede um tempo para se reestruturar. O que vemos no dia a dia da bolsa é uma variação no preço das ações, e isso é o que normalmente deixa o investidor inexperiente aflito, pois assim como o seu investimento pode crescer 10% no espaço de um mês, ele também pode diminuir 10% nesse mesmo espaço de tempo. Daí o motivo da diversificação e visão de longo prazo”, explica Trajano Gomes.

Ele ainda destaca que hoje os investimentos podem começar com um valor de R$ 100, onde o investidor poderá acessar um fundo de ações que estará diversificado em vários setores sem precisar dispor de um grande capital inicial.

Coelho ainda considera ser necessário se cadastrar em uma corretora. 

“Válido ressaltar que o primeiro passo para qualquer uma das opções é o investidor se cadastrar em uma corretora de bolsa de valores, que esteja habilitada na Comissão de Valores Mobiliários [CVM]”, finaliza.

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