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Obra do 1º hospital para animais silvestres chega na fase de acabamento

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Cachorro-do-mato, jaguatirica, onça parda, veado, araras, urubus, maritacas, periquitos e anta estão no grupo de cerca de 250 hóspedes do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, localizado no Parque do Prosa, em Campo Grande. Referência no cuidado dos bichos vítimas de queimadas, atropelamentos e da caça ilegal no Pantanal, o Cras recebe diariamente diversos animais, que após receberem todos os cuidados necessários são devolvidos à natureza. 

Para reforçar esse trabalho de preservação da fauna, o Governo de Mato Grosso do Sul faz uma edificação pioneira: o 1º hospital especializado em animais silvestres do mundo. A obra do prédio de 1.153,33 m² está na fase de acabamento.

A previsão do diretor de Obras Civis da Agesul, Gustavo Henrique dos Santos, é de entrega do hospital nos primeiros dias do próximo ano. “Estamos na fase de acabamento, revestimentos, elétrica, forro, implantação de pisos da área externa e interna e pintura. A equipe de pintura já está trabalhando no local junto com a elétrica, com a parte externa dos pisos, parte de louças e metais, como pias e bancadas, que estão sendo instaladas. A previsão é em dezembro conseguir concluir boa parte do hospital de animais silvestres e, se ficar alguma coisa, em janeiro mesmo entregar”, disse.

Segundo o governador Reinaldo Azambuja, o espaço oferecerá condições de recuperação dos bichos feridos. “A nova clínica vai dar uma importante estrutura para o trabalho de recuperação dos animais silvestres. Além de ampliar o espaço, dará melhores condições de trabalho para os servidores e possibilitará parcerias. O local poderá funcionar como escola de residência para cursos de veterinária e biologia e formar mão de obra especializada”, declarou. Hoje, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres conta com um staff técnico completo com médicos veterinários, biólogos e zootecnistas.

Responsável técnico do Cras, o veterinário Lucas Cazati afirma que o novo hospital vai aprimorar o trabalho de preservação e repovoamento de espécies ameaçadas de extinção de biomas como o Cerrado e o Pantanal, que é Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Unesco. 

“Mato Grosso do Sul já sai na frente com um empreendimento maravilhoso, graças à sensibilidade do Governo do Estado. Ele nos presenteou para continuarmos dando assistência e mantendo o equilíbrio da nossa fauna, do nosso Pantanal. Lembrando que o Pantanal Sul-mato-grossense é o maior conjunto de biomas do mundo. Então, para isso, nós temos que ter um centro de referência internacional, como já somos, para que a gente possa atender, melhorar e devolver à natureza. O melhor de tudo: trabalhar na inserção do animal, no sentido de repovoar algumas espécies que já estão ameaçadas de extinção, apontadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio”, explicou Cazati.

A nova unidade de saúde terá espaços administrativos, salas de cirurgia, ambientes para quarentena e laboratórios para exames. O hospital veterinário vai modernizar o atendimento aos bichos das mais diversas espécies que vivem no Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica e que forem resgatados com problemas de saúde, como aves, répteis e mamíferos. 

Mesmo antes da conclusão do hospital, o Cras tem feito um trabalho de anjo da guarda dos animais silvestres e obtido destaque por conta de procedimentos que eram inéditos, como o implante de bico em uma arara-canindé adulta e a prótese da parte de o bico de um tucano. “Hoje nós já somos referência internacional na produção de literatura científica e pesquisa técnica. E nós fizemos alguns procedimentos que nunca foram feitos até então. O primeiro implante de bico autógeno, de outra ave. Retiramos o bico de uma arara que teve morte natural e utilizamos em outra que teve o bico quebrado, que foi mutilada. Esse procedimento não existia. Hoje nós temos a produção de órteses e próteses de impressora 3D. Então eu consigo mapear e através da digitalização fazer um novo membro. Esse animal vai continuar com a capacidade reprodutiva e pode ser devolvido à natureza”, finaliza o veterinário.

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