DOURADOS

Pai de criança morta durante parto em salão teria se proposto a financiar aborto

Foto: Osvaldo Duarte/Arquivo Dourados News Foto: Osvaldo Duarte/Arquivo Dourados News

A Polícia Civil de Dourados concluiu o inquérito de investigação do caso do bebê morto durante parto improvisado no dia 17 de outubro. A mãe, manicure de 21 anos, foi indiciada pelo óbito da criança e segue internada na ala psiquiátrica do Hospital Universitário da UFGD.

O pai do bebê, residente em outro município, teria incentivado o aborto da criança, se propondo inclusive a pagar o procedimento. 

Conforme o delegado Wiston Ramão Albres Garcia, a mulher está acometida de depressão pós-parto. Essa condição, na avaliação do investigador, foi um dos fatores fundamentais para que a mãe acabasse provocando a morte do filho, nascido com 3,3 quilos.

“Segundo o que o médico prescreveu no laudo clínico, ela está acometida de depressão pós-parto. Ela está ‘fora do ar’. Ela alterna, lembra, não tive inclusive condições de interrogá-la. Ela agiu imbuída disso quando fez o que fez. Aos médicos ela disse que não tentou matar, tentou apenas cortar o cordão umbilical, mas é evidente que ela não agiu em juízo perfeito”, relatou o delegado.

Wiston explicou que no dia do fato ela foi autuada em flagrante por homicídio qualificado, com pena que pode chegar até 30 anos de detenção. A Justiça acatou, inclusive, o auto de flagrante. 

No entanto, por conta da avaliação realizada nos procedimentos de investigação, o caráter do crime foi alterado de acordo com a condição mental da mulher. 

“Ela continua presa, o crime ocorreu, porém a pena desse tipo de crime, considerado semi-inculpável, é de dois a seis anos. Ela tinha uma consciência, mas não tinha. É como quem comete suicídio em um estado profundo de depressão”, explicou. 

A manicure teria relatado em alguns momentos que acreditava não ser aceita pela família após a revelação da gestação. Ela conseguiu disfarçar a gravidez utilizando faixas. Há cerca de três meses a mãe da jovem teria desconfiado, mas ao ser questionada disse ter engordado de forma natural. 

Ela mora na companhia dos pais, duas irmãs adultas e já é mãe solteira de uma menina de 3 anos. 

“Ela tinha medo da mãe não aceitar o fato dela estar grávida mais uma vez sem a presença do pai da criança. A mãe falou que em nenhum momento houve conversas sobre expulsá-la de casa. O médico garantiu que ela já vinha sofrendo de depressão há um tempo, inclusive tendo atentado contra a própria vida ingerindo grande quantidade de remédios”, disse Wiston.

O PAI DA CRIANÇA

O pai da criança, conforme apurou o 1° Distrito Policial, mora em outra cidade. Não foi possível identificá-lo. A investigação descobriu que a jovem teria tido um ou dois contatos com o homem e que após descobrir a gravidez foi rejeitada. 

“Ele falou para ela que não iria assumir o filho, sugerindo que ela abortasse. Inclusive sugeriu a pagar o aborto, mas ela se negou e disse que levaria a gravidez até o fim”, afirmou o delegado. 

O laudo do IML (Instituto Médico Legal) apontou a causa da morte por asfixia mecânica, causada pelo enforcamento com o cordão umbilical. 

A mãe teria puxado com força o cordão na tentativa de arrebentá-lo, tirando também a placenta do interior do corpo dela, mas realizando o procedimento de forma inadequada, causou a morte da criança. 

O bebê chegou a nascer vivo, segundo o laudo. 

O CASO

No dia 17/10 a manicure de 21 anos iniciou trabalho de parto no salão de beleza em que trabalha, localizado no bairro BNH 4° Plano. Sozinha no local, ela foi para o banheiro onde passou pelo procedimento de forma improvisada. 

Momentos depois, a proprietária do local chegou e foi chamada pela funcionária, que a encontrou naquele estado e acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). 

Quando os socorristas chegaram, já encontraram a criança morta sem chances de recuperar os sinais vitais. 

A mãe foi levada para o HU em estado grave, devido aos prejuízos ginecológicos causados pelo parto inadequado. Dias depois ela foi liberada da ala, e transferida ao setor psiquiátrico. 

Agora o Ministério Público Estadual vai avaliar o relatório produzido pelo 1° Distrito Policial para conduzir a denúncia ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

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