Economia

Venda de moto sobe 20% e espera por veículo mais econômico leva meses

Motocicletas e consultoras de vendas em loja da Covel Motos, na Capital. (Foto: Marcos Maluf) Motocicletas e consultoras de vendas em loja da Covel Motos, na Capital. (Foto: Marcos Maluf)

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Cenário é reflexo do preço da gasolina e falta de componentes eletrônicos, que encareceu carros no mundo todo

Nem adianta fazer pesquisa em várias concessionárias. Aquela experiência boa de chegar ao local e sair de moto ou carro novo já ficou no passado. Com a falta de componentes eletrônicos para veículos no mundo todo, as concessionárias entregam entre dois e seis meses, dependendo do modelo. Com o preço da gasolina subindo sem parar, a maioria das pessoas que está comprando algum veículo, está preferindo as motos.

Na Capital, a venda de motocicletas subiu 20%, enquanto a comercialização de carros de passeio e comerciais leves, que são picapes, furgões e vans, caiu 19%, em outubro deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2020. Em Mato Grosso do Sul, a alta é de 12% no emplacamento de motos, de 1.372 para 1.546, e a queda é de 24% no de carros, de 2,7 mil para 2.047.

Os dados de veículos emplacados foram divulgados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Em outubro deste ano, concessionárias de Campo Grande venderam 1.029 carros e comerciais leves. No mesmo mês do ano passado, foram vendidos 1.276. Já a venda de motos subiu de 656 para 791 no mesmo período.

Vendedores falam sobre preços e ajudam a entender o cenário para quem está interessado em uma moto. Gerente da Covel Honda Motos, Arlei Teixeira, conta que as concessionárias estão atendendo uma demanda reprimida, mas a falta de componentes emperra as vendas.

“Se tivesse mais produto, estaríamos vendendo mais, porque a procura está alta com o aumento constante no preço dos combustíveis e a procura de veículos de locomoção mais baratos”, comenta o gerente.

Motos de baixa cilindrada chegam em dois meses, mas as de média e alta cilindrada demoram de três a quatro meses, enquanto algumas das chamadas off road são entregues só em seis meses após a compra.

Preços - Com o aumento da procura e falta de componentes, veio também o aumento nos preços. Em três lojas concessionárias, o gerente conta que a mais vendida é a CG Fan 160 cilindradas , que sai por R$ 15 mil. A segunda mais pedida é a Biz 125, que custa R$ 14 mil. A mais barata é a Pop 110 cilindradas, vendida hoje por R$ 9 mil.

Apesar de ainda serem bem mais baratas em relação aos carros, as motos também já não custam o que custavam antes da pandemia.

Na Yamaha Remotors, os clientes também chegam à procura de um veículo para gastar menos com gasolina. Por lá, o vendedor Paulo Silvério explica que a maioria das pessoas buscam os modelos mais econômicos, por isso, a Factor 150 cilindradas é a mais vendida, ao preço de R$ 14,3 mil. Há pouquíssimas motos à pronta-entrega.

Economia - A moto é três vezes mais econômica em relação ao consumo de combustível do carro, conforme relatos dos clientes que chegam na loja com intenção de abandonar o veículo de quatro rodas, segundo Silvério.

"Com a economia que a pessoa tem no combustível, ela paga a parcela da moto e ainda o consumo dela e, muitas vezes, o custo disso tudo ainda é menor", detalha. O vendedor acredita que os preços não subam, mas não tem como afirmar. "Uma coisa que aprendemos nesse ano de pandemia, é que o quanto antes comprar melhor, por conta desses aumentos".

"Crise dos chips" -  As fábricas de veículos enfrentam escassez e inflação dos chips, que são componentes eletrônicos responsáveis por sistemas modernos de segurança, entretenimento, ar-condicionado, transmissão, iluminação e assistência ao condutor.

Fabricantes mundiais desses componentes, que são da Ásia, não tinham para quem vender com montadoras paralisando a produção no começo da pandemia, então focaram em outro mercado. Agora, os veículos demoram para sair das fábricas porque faltam chips no mundo inteiro.

Essa crise elevou também os preços de carros novos e usados. Com a procura maior pelos seminovos, garagens pagam aos proprietários o preço de tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que sempre foi indicador de valores para a revenda. Com menos gente entregando seu seminovo para comprar novo, já faltam veículos para os garagistas revenderem na Capital.

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