Mato Grosso do Sul

Aurineide decorou Kombi para mostrar beleza do cordel ao MS

Cordelteca itinerante de Aurilene. (Foto: Arquivo Pessoal) Cordelteca itinerante de Aurilene. (Foto: Arquivo Pessoal)

Artes

O acervo tem 1,5 mil obras, desde cordéis autorais até classicos da literatura nordestina

Durante os 30 anos em que foi professora, Aurineide Alencar, de 56 anos, transformava o assunto das aulas em literatura de cordel para ler para seus alunos. Depois de se aposentar, bateu a tristeza de saber que não teria mais ninguém para ouvir seus cordéis. Assim, surgiu a ideia de montar uma "Cordelteca".

Porém, o marido quis se mudar para uma chácara afastada da cidade. “Pensei que ia ficar muito longe para as pessoas fazerem o deslocamento. Até que vi a Kombi de um amigo do meu filho, já que ele gosta dessas coisas de carros antigos. Então investi na Cordelteca Itinerante”, detalha.

Natural da Paraíba, Aurineide vive em Mato Grosso do Sul desde os 18 anos de idade. Já viveu em Deodápolis e Ponta Porã, mas agora, vive em Dourados, distante 229 quilômetros de Campo Grande.

Ela deu aula na rede estadual para crianças dos anos iniciais. E sempre que preparava as aulas, conseguia fazer do conteúdo um cordel. “Eu tinha uma facilidade muito grande de escrever, porque queria que os meus alunos tivessem esse contato”, expressa.

Ela ainda acrescenta que ama tanto a cultura nordestina quanto a sul-mato-grossense. “Amo a minha cultura, mas amo a cultura daqui também. Por isso, a Kombi tem desenhos de xilogravura feitos por um artista de Natal, com elementos daqui, como araras e indígenas. Quero muito fazer essa junção das duas culturas”, detalha.

O acervo tem 1,5 mil obras, entre as autorais de Aurineide e também cordéis clássicos nordestinos. “Eu nunca fui escritora, só era adepta à cultura de cordel. Mas hoje, sou cordelista, já escrevi e publiquei algumas obras e faço parte de algumas Academias de Letras, aqui em Mato Grosso do Sul e também em outros estados”, ressalta.

Aurineide conseguiu recursos de incentivo à cultura para apoiar a realização do projeto. Por causa da pandemia, ela precisou adiar o lançamento até o final do ano passado. Agora, o veículo está pronto para rodar, mas ainda não realizou viagens, uma vez que para isso, Aurineide continua precisando de apoio financeiro.

“Eu fiz um financiamento na época para comprar a Kombi e meus filhos de início eram contra”, relata entre risadas. “Agora, para viajar, vou precisar de ajuda no combustível. Mas ela já está pronta, quero muito poder levá-la para escolas e para outras cidades”, comenta.

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