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Foto Santana: 50 anos de trabalho e glória em Itaporã

Por: Rogério Crespo

Em homenagem ao Jubileu de Ouro do Foto Santana, o Diário Itaporã, realiza uma homenagem especial em comemoração aos 50 anos, sendo estes, vividos com muita intensidade e seriedade nos negócios pelo Sr. Francisco Santana.

Considerado um dos fundadores da cidade de Itaporã, Santana chegou ao município de Itaporã, pela primeira vez, em meados da década de 50, época de extrema importância histórica, na qual Itaporã deixava de ser colônia de Dourados e sendo emancipado mesmo antes de se tornar um distrito. Como administrador da cidade, foi nomeado o Sr. Durval Gomes da Silva, até que se fosse realizada a primeira eleição municipal.

Somente em 1963 o “Seu Santana”, como é chamado carinhosamente pelos moradores até hoje, decide vir para Itaporã, juntamente com seu irmão José, com o intuito de iniciar os trabalhos no ramo da fotografia e montar uma escola de datilografia.

Com equipamentos fotográficos que eles mesmos construíram, registraram através das lentes, momentos marcantes e inesquecíveis do município. As fotografias eram realizadas em residências, nas ruas e até mesmo em chácaras ou fazendas.

Nesta época não havia energia elétrica na região, e basicamente todo trabalho fotográfico necessita de luz, isso dificultava ainda mais o trabalho dos irmãos Santana. Após algum tempo eles puderam adquirir uma câmera “Start B”, equipamento polonês, dando assim início ao primeiro estúdio fotográfico em Itaporã. Construído também pelos irmãos, o local foi projetado de maneira que toda a luz solar pudesse ser aproveitada no ambiente durante o dia.

Naquela época, o único local onde havia um gerador elétrico, movido a óleo diesel, era no bar do Sr. Oliveira, onde também era um ponto de ônibus e sorveteria. Durante o tempo que ele ligava a máquina para produzir sorvetes, cedia por um breve período, eletricidade para o estúdio. Mas às vezes durante a realização dos trabalhos de revelação das fotografias, a energia não era estabilizada, ocasionando oscilações que atrapalhavam o processo.

Francisco conta que para realizar as primeiras ampliações fotográficas, foi necessário retirar algumas telhas do laboratório e substituí-las por telhas de vidro para que fosse possível direcionar a luz do sol até a lente do ampliador. O mais inusitado era que uma pessoa tinha que ficar olhando para o céu para ver a posição das nuvens, observando quando elas cobririam o sol, não impossibilitando assim a realização do trabalho.

Nesse período, as coisas não eram muito fáceis para os irmãos Santana, que dividiam o trabalho entre a fotografia e a escola de datilografia. Muitas vezes, os trabalhos realizados no dia, não mantinham nem o necessário para alimentação. A maior dificuldade ocorreu em meados de 1975, ano este que ocorreu a “Geada Negra”, fenômeno este que dizimou praticamente toda plantação de café da região, causando assim uma crise econômica, não só em Itaporã, mas em toda região sul do Estado.

Diante desta situação, Francisco praticamente ficou desanimado, pensava até em ir embora do município, devido a crise econômica que se assolava a cidade nesta época.

Com a chegada das imagens coloridas nas “fotografias de monóculos”, trazida a Itaporã por fotógrafos vindos de outras regiões do país, os monóculos viraram a moda da vez, todos queriam que as reportagens dos casamentos e aniversários fossem registradas nessas imagens em cores, pois nesta época ainda não existia a fotografia colorida em papel.

Com toda esta dificuldade, José decide deixar o ramo da fotografia, deixando em seu lugar Pedro, que também era irmão. Agora juntos, Francisco e Pedro não desanimaram, foram a Capital de São Paulo em busca de aprender como funcionava o sistema de revelação em cores. Tal tecnologia só era dominada por grandes empresas multinacionais, como a Fuji e a Kodac. Conheceram um japonês que depois de muita insistência e mediante um pagamento concordou em permitir que um deles entrasse em seu laboratório, para “assistir” como ele realizava o processo de revelação colorida.

Diante disso adquiriram em “segredo”, todo o equipamento necessário para a construção de um laboratório pra revelação de fotografias coloridas em papel. A intenção a princípio era montar na cidade de Dourados, mas Francisco deu ouvidos aos conselhos do seu pai, que dizia: “Mato Grosso é o Éden e Itaporã o Jardim do Éden”. Então resolveram instalar na cidade de Itaporã, a qual se tornou referência para fotógrafos e clientes de toda a região, pois só a cidade mais próxima com essa tecnologia era Campo Grande.

A falta da água tratada foi outro fator que dificultou bastante o trabalho dos irmãos Santana. Sendo um dos elementos necessários para a finalização no processo de revelação fotográfica, á única água disponível era de poços comuns, vindo as vezes barrenta, fato este que deixava as imagens completamente avermelhadas, sendo necessário refazer todo o processo.

O Foto Santana sempre foi destaque em suas reportagens, pois os irmãos não mediam esforços para estarem sempre acompanhando a evolução fotográfica tão crescente após a década de 80.

Em uma visita a uma feira de equipamentos fotográficos em São Paulo, conheceram uma máquina que revelava as fotos muito mais rápidas. Tais máquinas eram importadas e custava uma fortuna, mas Pedro, sendo muito curioso, virou-se para Francisco e disse que conseguira criar uma parecida com a que eles tinham visto na feira. Não foi muito tempo, construíram uma máquina que automatizasse o processo de revelação fotográfica, ou seja, a primeira impressora fotográfica brasileira teve seu protótipo criado aqui em Itaporã. A patente foi comprada por uma empresa da cidade de São Paulo, que após ter aperfeiçoado o sistema, presenteou os criadores com uma novinha.

Da Tradição à Modernidade. Esse é o atual slogan do Studio Santana, que hoje está sendo transmitido à segunda geração da Família Santana. Wesylle, neto de Franciso Santana, que é Designer Gráfico morava no Rio Grande do Sul e a convite do avô decidiu se mudar para Itaporã. Hoje, completando três anos trabalhando com Francisco, Wesylle assume definitivamente o Studio Santana.

Para Wesylle, é um desafio de ser um profissional de imagem neste mundo digital de hoje. Na sua opinião, "o maior desafio de um fotógrafo é conseguir trabalhar como fotógrafo, porque a digitalização da imagem proporcionou uma multiplicação de fotógrafos. Hoje todo mundo é meio fotógrafo". Diante disso, o mercado conta com um universo maior de "profissionais", tornando a competição maior por um lugar ao sol.

Após uma trajetória profissional de 50 anos, Santana agradece primeiramente a Deus por conhecer este lugar, e hoje ter se tornado um Itaporaense.

Parabéns Santana!

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