Meio Ambiente

Sindicato Rural de Itaporã inicia hoje a 2ª Ação Itinerante

A experiência brasileira no campo mostra que é possível resolver um problema complicado, e serve de exemplo para vários setores que vão precisar implantar sistemas de logística reversa. Estamos falando do descarte das embalagens de agrotóxicos, um material necessário nas grandes lavouras e que, se não for destinado corretamente, pode causar sérios danos ao ambiente e à saúde.
Essa experiência está sendo colocada em prática pelo Sindicato Rural de Itaporã e a Central de Embalagens de Dourados, juntamente com a AREGRAN (Associação das Revendas de Defensivos Agrícolas da Grande Dourados) e IAGRO. Esta ação contará também como apoio de três empresas do município de Itaporã, Agro Jangada, C-Vale e Verdes Campos. Segundo dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV), cerca de 94% das embalagens de agrotóxicos colocadas no mercado foram devolvidas para a indústria e tiveram destinação final correta.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Itaporã, o Sr. Milton Bigatão, a iniciativa de organizar esta Ação Itinerante foi criada para que as empresas que produzem agrotóxicos e produtores rurais conseguissem cumprir a legislação, que obriga a destinação correta dessas embalagens.
"O Brasil atualmente é o líder mundial em recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos, atingindo alta porcentagem de recolhimento", diz o pesquisador doutor da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, comparando com projetos similares em outros países, como os Estados Unidos, que não têm os mesmos resultados.

No município de Itaporã essa realidade está mudando. Esta Ação Itinerante foi criada com o intuito de fazer a logística reversa das embalagens. A logística reversa é um conceito que diz que as empresas responsáveis por colocar um produto no mercado também devem se responsabilizar pela forma como esse produto é descartado. Ou seja, assim como é de responsabilidade da indústria do papel criar meios para que as pessoas possam reciclar o papel, a indústria dos agrotóxicos é responsável pelo descarte das embalagens utilizadas.
No campo o produtor é orientado a aplicar a "tríplice lavagem" - as embalagens precisam ser "lavadas" três vezes, para reduzir o teor químico e viabilizar a reciclagem. Após o uso do agrotóxico, o agricultor é obrigado a descartar as embalagens em uma unidade existente para recolhimento. Hoje, a Central de Recebimento de Embalagens está localizada na Cidade de Dourados, e muitos agricultores do nosso município não têm condições de estar levando essas embalagens até o local.
O perigo do descarte incorreto é que a exposição pode causar doenças sérias, como distúrbios respiratórios, neurológicos e até câncer. Os riscos são graves. Os números mais recentes são de 2009, da Fundação Oswaldo Cruz, que mostram que mais de 180 pessoas morreram no ano por intoxicação de agrotóxicos. No total, foram 11.641 casos, o que faz dos agrotóxicos a segunda principal causa de intoxicação do país, atrás apenas de intoxicação por medicamentos.

O descarte correto reduz drasticamente esses riscos, e também mostra para a sociedade que é possível fazer a logística reversa dos produtos - nos debates da formulação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, empresas de vários setores argumentavam que criar um sistema para recolher embalagens aumentaria os custos para as empresas, e esse aumento seria repassado ao consumidor. De acordo com o Engenheiro Agrônomo Leonildo Pretti Junior (Verdes Campos) "Aqui em Itaporã, mesmo com a criação deste sistema de logística reversa, os custos não serão repassados aos produtores rurais. De toda forma, a logística reversa é lei e tem que ser cumprida. É uma responsabilidade compartilhada: cada elo da cadeia produtiva faz a sua parte". O presidente do Sindicato informa que este ano a Ação Itinerante será realizada nos dias 14, 15 e 16 de Maio, nas dependências da empresa Verdes Campos, em Itaporã. “A ideia é continuar fazendo esta Ação Itinerante pelo menos uma vez por ano, fazendo assim a limpeza do campo e melhorando a vida de todo cidadão, contribuindo em tudo com o meio ambiente”, concluiu Milton Bigatão.

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