Policial

Apontada como mandante de assassinato do pai, advogada pede prisão domiciliar

Fazendeiro Paulo Sérgio. (Foto: Arquivo pessoal) Fazendeiro Paulo Sérgio. (Foto: Arquivo pessoal)

Interior

Filha e marido teriam planejado a morte de Paulo Sérgio de Freitas Miranda, 57 anos, atingido por vários tiros

Apontada como mandante da morte do pai, o fazendeiro Paulo Sérgio de Freitas Miranda, 57 anos, a advogada Dayane Claudino Miranda Marcos, 29 anos, entrou com pedido de prisão domiciliar, nesta terça-feira (23). Ela e o marido, Tiago da Rosa Marcos, estão presos preventivamente. O crime ocorreu em Naviraí, a 359 quilômetros de Campo Grande, no dia 23 de setembro.

No pedido desta terça, a defesa alega que Dayane tem dois filhos menores de idade, que precisam dos pais. "(...) deve-se prestigiar o direito da criança em detrimento da cautela processual à disposição da persecução penal de modo que são aplicáveis os ditames do artigo 318, V, do Código de Processo Penal: a conversão da medida ultima ratio em prisão domiciliar com vistas a se garantir o cuidado de seus filhos menores (...) uma vez que o pai das infantes, igualmente, também se encontra tolhido de sua liberdade".

O casal é morador em Guaíra (PR). Ambos são apontados como mandantes do assassinado do fazendeiro. O alvo também era a esposa dele, que não foi atingida pelos disparos.

Investigação - A Polícia Civil indiciou, além do casal, outros quatro envolvidos no crime. Um dos pistoleiros, que inclusive aparece nas câmeras de segurança que flagraram o ataque, morreu em troca de tiros com policiais militares no dia 18 de novembro, em Palotina (PR), após ter roubado uma caminhonete Hilux.

Conforme apurado, Dayane e o esposo não tinham mais contato com o fazendeiro devido a um desentendimento familiar a respeito de um suposto abuso, que segue sendo investigado pela Polícia Civil da cidade de Guaíra (PR). As terras onde o casal vivia estavam no nome de Paulo Sérgio, e ainda segundo a polícia, filha e genro passavam por problemas financeiros, o que também pode ter contribuído na decisão de mandar matar o produtor rural.

Um dia depois do crime, os policiais descobriram que o veículo Monza utilizado no ataque havia passado por reparos numa oficina na cidade de Guaíra (PR), e que a pessoa que teria solicitado os reparos era um primo de Tiago da Rosa. Também no Paraná, na cidade de Palotina, os policiais conseguiram identificar um dos pistoleiros contratados para realizar o crime. Descobriram, inclusive, a residência onde os criminosos se esconderam após a execução, bem como identificaram o motorista que deu fuga aos assassinos e o veículo usado.

Diante das informações, no dia 8 de outubro, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão domiciliar na cidade paranaense. Segundo a Polícia Civil, o genro da vítima, seu primo e um dos pistoleiros mantinham contato telefônico antes, durante e dias após o crime. O primo do suspeito chegou a ligar para o genro da vítima enquanto ele estava no hospital de Naviraí, aguardando notícias do sogro. Também foi apurado que um dos pistoleiros manteve contato com o genro da vítima, dois dias após o crime.

No dia 20 de outubro, mais dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos, desta vez, na região de Maracaju dos Gaúchos, em Guaíra (PR). Na ocasião, Tiago da Rosa e o motorista que deu fuga aos pistoleiros foram presos. Já o primo de Tiago foi preso em Joinville (SC) e o outro pistoleiro preso em Palotina (PR). Em depoimento à Polícia Civil, o suspeito confirmou ser um dos pistoleiros do crime, bem como confirmou todos os indícios e provas levantados pela investigação.

No último 18 de novembro foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva dos suspeitos - que já estavam presos na Penitenciaria de Segurança Máxima de Naviraí - e contra Dayane, que estava na casa de sua sogra, na região de Maracaju dos Gaúchos, em Guaíra (PR). Já o último suspeito do crime e um dos pistoleiros morreu na cidade de Palotina (PR), depois de confronto armado com policiais militares, após ter roubado uma caminhonete Hilux em Moreira Sales (PR).

Em família - A Polícia Civil concluiu que a execução de Paulo Sérgio de Freitas Miranda foi minuciosamente planejada pela família. Cada um dos pistoleiros foi contratado por R$ 20 mil, mas sequer receberam o pagamento. O contratante foi o primo do genro da vítima, que inclusive foi quem levou os criminosos até Naviraí, dois dias antes do crime.

Paulo e a esposa seriam executados naquele mesmo dia, mas imprevistos fizeram que o crime fosse adiado e que um outro comparsa fosse contratado por R$ 5 mil, para fugir com a dupla após a execução. Para não levantar suspeitas, os pistoleiros e o motorista da fuga passaram a noite do dia 22 para o dia 23 (dia do crime) na cidade de Itaquiraí (MS), onde receberam o veículo Monza do primo do genro da vítima. Após o crime, a dupla fugiu com o motorista da fuga em um veículo Astra.

Conforme apurado, os pistoleiros só receberam de pagamento as armas usadas no crime e um veículo Citroen C5, apreendido na Delegacia de Polícia de Palotina (PR).

O crime - Paulo foi atacado no dia 23 de setembro em sua fazenda, localizada no complexo de fazendas Araguaia, no município de Naviraí. Câmeras de segurança flagraram a vítima sendo morta com tiros à queima roupa ao lado de um trator, dentro do barracão da fazenda. Um dos criminosos também disparou contra uma mulher que tentou ajudar a vítima, mas não a atingiu.

Paulo foi atingido com tiros no rosto, braços, abdômen e mãos. Ele foi socorrido em estado grave pelo Corpo de Bombeiros Militar, foi levado ao hospital, mas não resistiu e morreu três dias depois.

O Monza usado pela dupla foi encontrado abandonado na estrada que liga Naviraí ao assentamento Juncal. Os dois homens fugiram a pé e abordaram um motorista de caminhão pipa tentando "pegar carona". Logo em seguida, eles abordaram uma caminhonete e, com armas em punho, fizeram o motorista refém e obrigaram o homem a dirigir até a área urbana de Naviraí, onde desceram do veículo e fugiram a pé pelo Bairro Jardim Paraíso. De lá, encontraram o comparsa que os tirou da cidade.

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