O mês de novembro expõe a escalada da violência contra mulheres em Mato Grosso do Sul. Com seis feminicídios confirmados até o dia 23, o Estado registra em média uma mulher assassinada a cada quatro dias neste mês. O número repete a letalidade de maio, que também terminou com seis vítimas.
O caso mais recente é o de Alliene Nunes Barbosa, 50 anos, ex-guarda municipal de Dourados, morta com 23 facadas pelo ex-marido no domingo (23).
O crime ocorreu na frente do filho dela, de nove anos, que precisou pular o muro da casa para buscar socorro depois de ser trancado pelo autor.
Linha do tempo da violência em 2025
O levantamento feito pelo Dourados News através de dados da Sejusp MS (Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) mostra que apenas janeiro passou sem feminicídios. Novembro e maio foram os mais violentos, com seis casos cada um.
Março e junho registraram quatro mortes. Outubro teve três. Todos os outros meses oscilaram entre duas e três vítimas, sem trégua.
São histórias diferentes, mas sempre com um mesmo fim: mulheres mortas por atuais ou antigos companheiros, quase sempre dentro de casa, quase sempre após ciclos repetidos de violência.
Média anual expõe um padrão contínuo
Com 37 mulheres assassinadas até agora, 2025 apresenta média de mais de três feminicídios por mês em MS, o que equivale a aproximadamente um caso a cada nove dias. Em meses mais críticos, como maio e novembro, a taxa acelera e praticamente dobra.
O padrão também mostra que a violência não se concentra em um único ponto do mapa.
Neste ano, crimes foram registrados em Campo Grande, Dourados, Caarapó, Água Clara, Juti, Nioaque, Sidrolândia, Cassilândia, Itaquiraí, Angélica, Corumbá, Maracaju, Costa Rica, Glória de Dourados, Naviraí, Ribas do Rio Pardo, Paranaíba, Bandeirantes, Três Lagoas, Jardim, Rochedo, Sonora, Bela Vista, Dois Irmãos do Buriti e outras cidades.
Em Dourados, o caso mais recente, o de Alliene, expõe fatores recorrentes nesses crimes.
O autor usava tornozeleira eletrônica por violência doméstica, e a vítima tinha medida protetiva, mas ele seguia frequentando a casa e, segundo testemunhas, às vezes dormia ali.
A situação se repete em diversos casos ao longo do ano: agressor reincidente, medidas descumpridas e ambiente doméstico como cenário da morte.
Essa combinação de histórico de violência, descumprimento de restrições e proximidade da vítima com o agressor revela algumas das fragilidades que constantemente aparecem nas investigações.

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