Saúde

Campo Grande não precisa "colapsar", diz pesquisador citando exemplos no País

Lockdown, assistência médica, aferir saturação e leitos suficientes de UTI é o que impediu São Paulo e Salvador de colapsarem

Uso de ambú, respirador manual, esta semana na Santa Casa, indica situação grave em relação à falta de leitos de UTI. (Foto: Divulgação Santa Casa) Uso de ambú, respirador manual, esta semana na Santa Casa, indica situação grave em relação à falta de leitos de UTI. (Foto: Divulgação Santa Casa)

"Nem todas as cidades entraram em colapso por conta da covid-19". A afirmação do infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda, é a ponta inicial de um debate que tem do outro lado parte que garante ser inevitável o caos na rede de saúde diante da pandemia. No Brasil, ele cita que as cidades de São Paulo (SP) e Salvador (BA) passaram pela doença sem precisarem "colapsar", graças a medidas enérgicas.

“Nem todas as capitais precisam colapsar. É uma falsa ideia que o colapso chega pra todos. Salvador e São Paulo não tiveram colapso na rede de saúde. Nesses locais nós não observamos a tragédia que observamos em outras cidades. Temos como fazer melhor”, enfatiza.

A fala de Croda tem como alvo, principalmente, a prefeitura de Campo Grande, que tem resistido a medidas mais severas, como o lockdown.  A Capital tem registrado alta taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) desde a segunda quinzena de julho.

Hoje, essa taxa é de 90%, e segue como a maior dentre todas as quatro macrorregiões do Estado. “Não é porque “aconteceu no mundo todo” que aqui também vai colapsar. Temos a função de evitar e sabemos como fazer isso: lockdown, assistência médica, aferir a saturação (leia aqui) e ter leitos de UTI”, sustenta, dizendo que essa foi a fórmula que deu certo para vencer o coronavírus nesses locais.

Para ele, a aplicação de regras firmes de distanciamento social e números adequados de leitos de UTI já dão um suporte necessário ao combate ao novo coronavírus, mas dependendo do avanço da doença, somente o fechamento total pode surtir efeito, e na mesma live, esta semana, alertou que se este não ocorrer, pessoas vão morrer sem UTI "semana que vem". Leia aqui.

Dados da imprensa nas cidades de Salvador e São Paulo, citadas pelo infectologista, mostram que de fato, houve alta ocupação de leitos de UTI, mas sem que houvesse falta de vagas, impedindo a internação, que é o que ocorre no chamado colapso. Nesse caso, os profissionais de saúde chegam ao ponto de precisar escolher quem será ou não internado em leito intensivo diante da escassez de leitos.

Na semana passada, a Santa Casa de Campo Grande enfrentou problema grave de falta de leitos de UTI diante da alta demanda de pacientes que precisavam dessas vagas. Foi necessário uso de respirador manual para manter os pacientes vivos, como pode ser lido aqui.

São Paulo, por exemplo, como é muito populosa, ainda apresenta números considerados altos de casos novos e óbitos, mas baixos, levando-se em conta a proporção populacional e já está no nível decrescente da curva da covid. No começo de junho, por exemplo, a capital paulista passou de cerca de 350 pedidos diários de internação no fim de abril, para apenas 39, número que o sistema de saúde pode suportar.

Em Salvador, dados de sexta-feira também revelam que o pior já passou e sem falta de leitos. Houve redução para 68% da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para tratar pacientes com covid-19, queda no número de sepultamentos em cemitérios municipais, que foi de nove, diante de uma média diária que chegava a 15.

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