SAÚDE

Diante de pandemia de coronavírus, saúde mental também requer cuidados

Os especialistas são unânimes quando o assunto é para que se mantenha a calma

Foto: Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (Sbie) Foto: Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (Sbie)

As notícias oficiais em relação à propagação do coronavírus têm intensificado a divulgação dos cuidados para a saúde física da população e evitar o contágio. Porém é também de fundamental importância, que em tempos de isolamentos sociais e aumento na tensão e estresse, que haja um cuidado especial em relação à saúde mental de toda a população.

A primeira orientação geral é que se tomem as medidas preventivas sem pânico. Os especialistas são unânimes quando o assunto é para que se mantenha a calma, principalmente, em relação a grupos específicos, como idosos, crianças e adolescentes.

Para especialistas, há maneiras de minimizar impactos emocionais ocasionados tanto pelo excesso de notícias veiculadas diariamente, como pelo isolamento social, necessário e recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“É fato que estamos em momentos de exposição a agentes estressores, que exigirão respostas emocionais e comportamentais visando o equilíbrio psicofísico. Relevante lembrar que esse momento de mudanças abruptas no nosso cotidiano, apesar de ser necessário, é temporário”, afirma a psicóloga, especializada em stress e mestre em psicologia, Raquel Icassati Almirão.

É preciso, segundo a especialista, que as pessoas sejam eficientes e conscientes na transmissão das informações. “Algumas pessoas entram num estado de ansiedade, de tensão e de medo que podem beirar o pânico. Essas pessoas que entram nesse estado precisam ser tranquilizadas, de preferência por pessoas que a conhecem e que conseguem fazer com que a informação seja oferecida de uma forma responsável e esclarecedora”.

A consciência geral é que esse período é fundamental para manter a saúde de milhares de pessoas e esse pensamento pode gerar um sentimento de solidariedade simultâneo e gerar, assim, um conforto coletivo. “Essa necessidade de manter o isolamento social é para manter a maioria da população no seu status de saúde atual, um estado de saúde geral bom e estável, inclusive para as pessoas mais vulneráveis”.

Alternativas como meditação e pensamentos de gratidão chegam em horas fundamentais para alívio do estresse e da ansiedade. “Essa proposta de meditação tem um valor imensurável, positivo, e até mesmo necessário para que a gente possa estar dentro desse isolamento social com paz, com presença no agora e com equilíbrio. A outra ideia é a tecnologia que vai nos ajudar a continuar mantendo os vínculos com as pessoas que não estão próximas”.

Cuidados e atenção

 

Para a psicóloga e especialista em cuidados paliativos (comunicação de notícias difíceis), Gabriela Silva Molento, a hora é para uma higienização mental. “Em situações que nos fazem sentir vulneráveis e frágeis, como a que estamos vivendo hoje em relação ao coronavírus, são acionados nossos instintos de sobrevivência, o qual pode nos gerar emoções como o medo e comportamentos impulsivos, nesses momentos é fundamental parar, respirar fundo e refletir para encontrarmos soluções criativas. A reflexão e a criatividade são dois instintos naturais do ser humano que o auxilia a realizar ações mais conscientes, construtivas e benéficas”.

Quando se trata de idosos e crianças, ambos precisam de maior atenção e instrução a respeito das coisas, “É importante ter paciência e muito diálogo com eles para que também possam colaborar com as prevenções, é o modo que podemos colaborar com a vida de quem amamos e de toda uma sociedade. Uma dica importante para conversar com as crianças é a de usar a linguagem lúdica, como se fosse uma história de conto de fadas, pode-se personificar o coronavírus com personagens e vilões de uma história que ela goste, essa é uma forma de ajudá-las a se apropriar da realidade e dos perigos que a envolve sem pânico, mas com entendimento. O lúdico é instrutivo e organizador para a mente da criança.”

Do mesmo modo que Raque destaca que a soma de esforços é o que vai mudar o atual cenário. “Neste momento o ideal é unirmos nossos instintos de sobrevivência, a nossa reflexão e criatividade ao senso ético humano. Assim somamos as soluções e ações prezando valores e princípios como a solidariedade, a empatia, a dignidade para com a gente e o outro, tudo o que nos leva a construir e criar estratégias saudáveis e benéficas para a vida. Diante o imprevisível é preciso parar e entrar em contato com nosso lado reflexivo, sensível e humano o qual significa nosso lugar sagrado, o qual deve ser respeitado”.

Se precisar, procure ajuda, mas sem sair de casa!

Para o Conselho Regional de Psicologia, frente a situações como o coronavírus ficamos vulneráveis e para amenizar esse impacto criamos novas formas de enfrentamento a esses conflitos e a orientação, nesse sentido, é clara:  pesquisar por notícias sempre de fontes legítimas e confiáveis como os órgãos de governo e a Organização Mundial de Saúde. Assim que possível, é sempre importante buscar acompanhamento de um profissional, seja nos serviços públicos ou na rede privada de saúde. Hoje, o Conselho Federal de Psicologia já regulamenta o atendimento online, que pode ser uma saída para as pessoas acessarem serviços psicológicos em tempos de isolamento social. Acesse: https://e-psi.cfp.org.br/psicologas-cadastradas/

Dicas para o período de isolamento social:

  1. Que tal colocar a leitura em dia? Na correria do dia a dia, o hábito fica um pouco esquecido, não é mesmo? E se quiser um livro novo, você pode optar por compras online ou bibliotecas virtuais
  2. Evite os impactos de sair da rotina, em caso de home office, mantenha os horários e a produtividade, com os intervalos usuais do seu ambiente corporativo.
  3. Utilize informações oficiais para informar-se sobre a pandemia. Fake news provoca mais ansiedade e gera desinformação. Acesse o site desenvolvimento pela Secretaria de Saúde – http://www.coronavirus.ms.gov.br/
  4. Utiliza a tecnologia a seu favor – seja para entretenimento, seja para comunicação com quem está distante, principalmente, com os idosos
  5. Para quem tem idosos conectados, estimular e manter o contato virtual de forma a atender as necessidades deles e também o uso da tecnologia de forma afetiva, reforça os laços afetivos e mantém a atenção à saúde geral de todos. Que tal a famosa videochamada?
  6. Seja solidário, ajude um vizinho idoso, mantendo a segurança sanitária necessária. Isso também pode ajudar de forma efetiva a manter em dia a saúde mental
  7. Use a criatividade. Experimente novos hábitos! Faça atividades físicas em sua residência.
  8. Mantenha o otimismo, sem se descuidar dos cuidados necessários para o combate à pandemia.
  9. Tenha em mente: O foco maior deve ser o de fazer a sua parte individual sempre pensando no bem comum.

“É importante cultivar os sentimentos de esperança e confiança. Até certo ponto somos limitados e impotentes, entender essa natureza humana é fundamental para não nos perder em emoções como a culpa e neuroses de perfeccionismo”, finaliza Gabriela.

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