PANDEMIA

MS confirma primeiros casos de pacientes com variante P2 da Covid-19

Laboratório estadual recebe amostras de casos suspeitos que são encaminhadas para análise em São Paulo - Crédito: Divulgação/Governo MS Laboratório estadual recebe amostras de casos suspeitos que são encaminhadas para análise em São Paulo - Crédito: Divulgação/Governo MS

Dois pacientes de 47 e 19 anos são os primeiros infectados pela variante P2 (do Rio de Janeiro) em Mato Grosso do Sul. A informação foi confirmada para a reportagem do Dourados News pelo Lacen/MS (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul). 

O laboratório recebe amostras de pacientes com casos suspeitos no Estado para análise e monitoramento. Os casos foram confirmados por meio de exame de sequenciamento de genoma, que é o utilizado para identificar variantes do novo coronavírus.

Segundo as informações, a confirmação aconteceu entre a última quinta e sexta-feira, com resultados de amostras que estavam sob análise do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Esta é uma das unidades que fazem esse tipo de análise, recomendadas pelo Ministério da Saúde.

Os casos confirmados foram de reinfecção, ou seja, de pacientes que já haviam sido infectados pelo coronavírus e foram reinfectados pela variante P2. Um deles foi um homem de 47 anos, morador da cidade de Ladário. O segundo caso foi de uma mulher de 19 anos, moradora de Fátima do Sul. 

“Os exames são de amostras coletadas em 2020 que estavam sob análise do Instituto Adolfo Lutz. O fato novo é a identificação dessa variante P2. A variante detectada no primeiro exame dos pacientes é a que tem sido identificada aqui desde o início da pandemia. E essa P2 é a que surgiu no Rio de Janeiro e merece atenção da vigilância em saúde, pelo controle dos tipos de vírus que estão circulando no Estado”, explicou o diretor geral do Lacen/MS, Luiz Henrique Ferraz Demarchi.

Doutora em Ciências Biológicas e Bioquímica, Edmarcia Elisa de Souza, que trabalha com pesquisas de vacina contra a Covid-19 em um laboratório de referência da USP (Universidade de São Paulo), explicou que dados preliminares apurados por pesquisadores até o momento indicam que a P2 não é mais infecciosa ou mais agressiva que a P1. No entanto, isso não diminui o grande risco que uma pessoa infectada corre, independente de variante.

“As pessoas precisam entender que quanto mais o vírus circula, mais adquire mutações.  É uma característica da sua evolução. Haverá um momento em que as novas mutações não serão mais significativas em termos de infectividade ou agressividade. Mas, até que isto aconteça, o vírus continuará fazendo um grande estrago. E nós não temos como estimar até quando. Como digo desde o início da pandemia, até que tenhamos vacinação a todos, a duração desse cenário será de responsabilidade da educação e do bom senso da população”, explicou Edmarcia.

A especialista alertou ainda que uma grande preocupação é que, com a grande circulação do vírus e possibilidade de novas mutações, a vacinação que acontece hoje pode não ser suficiente para proteção. “Sim, dependendo da região da mutação no gene, pode haver escape às vacinas”, explicou.

A variante P2 circula no país desde março deste ano. Identificada no Rio de Janeiro, a mutação é considerada preocupante porque segundo já apurado por especialistas, ela tem alto potencial de transmissibilidade, ou seja, é transmitida de forma mais rápida de pessoa para pessoa. 

Sobre a P1, até o momento o primeiro e único caso confirmado em Mato Grosso do Sul foi em 2 de março deste ano, em um paciente do sexo masculino, de 37 anos, morador de Corumbá. Conforme divulgado pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), o homem apresentou sintomas da Covid após uma viagem a Manaus (AM), cidade de origem dessa mutação.

Conforme os dados do Lacen/MS até esta segunda-feira (12) são 40 amostras que estão sob análise de pacientes sul-mato-grossenses suspeitos de P1. Conforme explicou o diretor geral do laboratório estadual, quando a amostra é enviada não é possível saber qual variante será identificada. Os casos suspeitos são identificados e enviados para análise principalmente por indicação de médicos, que percebem nos pacientes características diferentes na evolução do quadro do paciente e avaliam também seu histórico (como viagens para fora do Estado, por exemplo).

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