Saúde

"Viramos epicentro", define secretário ao explicar medidas contra covid

O secretário Geraldo Resende durante transmissão ao vivo nesta manhã sobre a pandemia. (Foto: Reprodução de vídeo) O secretário Geraldo Resende durante transmissão ao vivo nesta manhã sobre a pandemia. (Foto: Reprodução de vídeo)

Cidades

Com 50 mortos por dia, MS já tem em junho quase 3 vezes mais casos que em junho inteiro do ano passado

Mato Grosso do Sul tornou-se o epicentro da covid-19 no Brasil, definiu nesta manhã o secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende, ao explicar as decisões tomadas depois de “exaustivas” reuniões, determinando medidas mais duras para enfrentar o momento caótico na saúde do Estado. Há um número que ilustra bem a fala dele: o número de casos nos primeiros 10 dias de junho já é quase três vezes o registrado no mês inteiro no ano passado.

Mas há outra realidade capaz de traduzir ainda com mais fidelidade o momento de extrema gravidade, jamais visto: a necessidade de transferir pacientes para outros estados por falta de vaga em hospital. É para reverter esse quadro, explicou Geraldo, que as autoridades decidiram classificar mais da metade dos municípios no risco extremo de contágio pelo novo coronavírus. A intenção é a de sempre: reduzir circulação, ter menos gente doente, e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde.

Geraldo disse que, encerrada a 22ª semana epidemiológica no sábado 5 de junho, ficou perceptível a continuidade da evolução da curva de contágio.

“Número de casos exageradamente elevados, números de internações que batem recordes em cima de recordes, número, também, de óbitos que ultrapassa 50 dias e nos coloca, sempre em relação a outros estados, como um dos estados que têm a doença mais presente”, relacionou o titular da saúde.

“Tornou o nosso estado um epicentro da doença”, sentenciou o secretário.

Nos dados acumulados da pandemia, já são  308.374 casos confirmados de covid-19 no Estado, com 7.320  óbitos. A taxa de letalidade é de 2,4%.

Em junho de 2021, já são 17,6 mil positivos, contra 6,4 mil no mês inteiro do ano passado.

No boletim mais recente, foram identificados mais mil casos, com 52 mortes. Isso significa a perda de uma vida a cada 46 minutos.

A pedidos - Resende reforçou que o endurecimento das regras de funcionamento das cidades veio depois de muita conversa, em atenção a pedido feito pelos prefeitos ao comitê criado para gerenciar a crise, no ano passado, quando começaram os casos de covid.

De acordo com ele, foram feitas inúmeras reuniões, inclusive à noite, nas quais foi solicitada a adoção de medidas uniformes em todo o Estado

No argumento do secretário, a situação impôs a decisão “dura, mas lastreada no principal elemento que é preservar a vida das pessoas”.

Novo mapa - O resultado disso foi a mudança na classificação do mapa de risco do Prosseguir (Programa de Segurança da Saúde e da Economia). São cinco níveis, do verde, o de menor risco, até o cinza, de risco extremo para contaminação.

Havia sido divulgado um mapa valendo a partir de hoje, sem nenhuma cidade em bandeira cinza, e com 43 em bandeira vermelha, de grau alto.

“Nós tomamos decisões para que haja uma mudança de bandeira a todos que estavam em coloração vermelha”, explicou Resende.

Um dos fatores levados em conta foi a taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva, em mais de cem por cento nas macrorregiões estaduais.

Por causa disso, pelo menos duas dezenas de pacientes foram transferidos para cidades de São Paulo (SP) e Rondônia, estado distante mais de 2 mil quilômetros de Mato Grosso do Sul.

Três pacientes não resistiram e a família precisou recebeu de volta, os corpos para sepultar.

Sem vagas – Resende comentou ainda que o critério da lotação dos hospitais passarará a ser essencial na definição das classificações de perigo para contágio da doença.

“Toda vez que tiver taxa de ocupação acima de 90%, vai ser decisivo para gradação”, afirmou em relação à elaboração do mapa de risco do Prosseguir.

Depois de reafirmar a necessidade das providencias mais severas, o secretário citou que evitar os dissabores e custos de transferências estão entre os motivos, para evitar que tenhamos de fazer vagens e mais viagens a procura de leitos de UTI”.

“Nós não gostaríamos de ter feito deliberações, se tivesse quadro diferente. É preciso coragem, e essa não nos falta para enfrentar esse desafio”, disse.

No fim da transmissão ao vivo em que todas as afirmações foram feitas, Geraldo disse que está sendo viabilizada a instalação de mais 51 leitos de UTI no Estado. Ele não falou em prazo.

Na fala do titular da Saúde, foi relembrada a importância da vacinação no controle da pandemia, mas também da atitude do cidadão. Geraldo apelou às pessoas para acatarem as determinações e só sair se casa se for estritamente necessário.


 

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