Comportamento

Bons hábitos e pequenos detalhes podem salvar o sono do bebê

Consultora de sono infantil conta o segredo

É praticamente unânime a reclamação de mães com bebês recém-nascidos: adaptar a rotina ao sono do novo integrante da família. As madrugadas ficam mais curtas e uma noite bem dormida é quase um sonho de consumo. Embora não haja milagre, a prática de bons hábitos e pequenos detalhes podem salvar o sono dos pequenos – e também o das mamães.

Quem dá as dicas é a consultora de sono infantil Flávia Jussiano, que também é mãe e começou a estudar o assunto depois de sofrer muito com a dificuldade que encontrava na hora de colocar os filhos no berço.

Segundo Flávia, o ponto primordial é a mãe – que geralmente passa mais tempo com o bebê – observar o comportamento e o choro do filho. “O choro da fome é diferente do choro do sono, de quando ele quer vínculo, ou está com frio/calor, com dor. Então, é importante estar atento ao comportamento para entender a necessidade do bebê”, explica a consultora.

A fase de cada sono

Até os dois anos de idade, o ciclo do sono do bebê muda a cada três meses. Portanto, cada fase possui um padrão de sono diferente. Entender cada etapa e respeitar o tempo e o organismo deste novo serzinho no mundo é a primeira regra para um sono mais tranquilo.

“O ciclo de um recém-nascido é de aproximadamente três horas, ou seja, neste tempo ele vai acordar, comer, fazer cocô e xixi e vai voltar a dormir. Nesta fase, o tempo dele acordado é de 30 minutos a uma hora, e as outras duas horas ele dorme”, detalha Flávia.

A consultora é enfática na hora de pontuar a importância de o bebê ter esse tempo entre o acordar e o dormir. “Se o recém-nascido passa de uma hora acordado, ele fica estressado, vai pro peito sonolento e isso dificulta a amamentação, então ele pode não se alimentar direito, consequentemente vai dormir menos, porque vai ficar com fome, e vira uma bola de neve”, diz.

E é justamente por conta deste ciclo, que a consultora explica o motivo de não poder tentar manter o bebe acordado ou acordá-lo fora deste tempo, na esperança de uma noite mais longa de sono.

Não tem jeito! Antes dos três meses, o bebê está se acostumando com o mundo no qual nós já estamos habituados. Ele ainda não sabe que cada dia tem 24 horas e o sol troca de lugar com a lua neste tempo. Mas Flávia garante que se durante o dia este ciclo de sono for bem respeitado e o bebê estiver bem alimentado, a sonequinha da madrugada pode ser de até 4 horas.

Rotina

É a fase de organizar o dia e a noite. A partir dos 3 meses, Flávia diz que é importante incluir rotina na vida do bebê. E ela precisa ser levada a sério. Os horários de alimentação, sono, banhos e tempo acordado devem ser os mesmos todos os dias.

“Muda padrão de sono. O bebê fica até duas horas acordado”, diz Flávia. E uma dica da consultora para a qualidade do sono noturno é a sequência de mamada, banho relaxante, sem agitação, e o escurinho do quarto. O horário ideal para o bebê dormir é entre 19h e 20h.

Benditos hormônios

A partir dos seis meses, o bebê começa a ficar de três a quatros horas acordado e passam a fazer, em média, duas sonecas por dia. Nesta fase, Flávia explica que o organismo da criança já produz dois hormônios que interferem diretamente no sono. Um deles é a melatonina, que favorece o sono e é liberado por volta das 19h e 20h.

Se o bebê passa deste horário acordado, então o organismo libera uma dose de adrenalina. E é neste momento que começa a famosa – e tão difícil – luta contra o sono. “O bebê se estressa e libera cortisol, demorando ainda mais para dormir”, ressalta a consultora.

Por isso, Flávia é rigorosa quando trata-se de rotina, hábitos e horários neste início de vida.

Choro e dependência

Flávia ainda explica que é importante permitir que o bebê adormeça sozinho, sem estar no colo, no peito ou com chupeta, por exemplo. “Eles querem acordar na mesma condição na qual foram dormir. Por isso, se adormecem no colo e acordam no berço, eles assustam e tem descarga de adrenalina, que pode prejudicar o sono. Então, o ideal é não criar nenhuma muleta de sono, permitir que o bebê durma sem dependência de algo”, justifica.

Sobre o choro, Flávia é totalmente contra a estratégia de “deixa chorar até cansar”. “Quando vem o choro, é importante acolher, acalmar e tentar identificar o motivo, se é fome, fralda suja, frio… E tentar solucionar o problema para não chegar no cortisol”, ressalta.

Consciência e respeito, no final das contas, são os pontos a serem refletivos. “Precisa ter consciência que agora existe um bebê e que tudo muda. Muda a rotina da casa, a dinâmica familiar e alguns hábitos também precisam ser adaptados”, diz Flávia.

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