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Amor por abelhas fez Albano dedicar a vida ao ‘Mel do Vovô Pedro’

Albano Alexandrino implantou no Estado o primeiro apiário da família. (Foto: Arquivo pessoal) Albano Alexandrino implantou no Estado o primeiro apiário da família. (Foto: Arquivo pessoal)

Comportamento

Em julho, morreu o apicultor que vendia mel desde menino e amava conversar com quem ia à 'Cidade das Abelhas'

Albano Alexandrino Dembogurski nasceu em meio às abelhas e no ambiente da apicultura. O menino que vendia mel na escola cresceu e deu nome a marca que todos já devem ter visto em mercados ou na mesa de casa. Criador do ‘Mel Vovô Pedro’, Albano partiu, aos 64 anos, após dedicar a vida às abelhas, ao mel e à família que hoje continua o legado dele.

A morte do empresário aconteceu de forma repentina no dia 21 de julho deste ano e surpreendeu parentes e amigos. Do mal-estar, que levou a internação no hospital, a constatação de morte cerebral somente 10 dias passaram.

A esposa, Sonia Alexandrino Dembogurski, de 63 anos, relata como tudo ocorreu. “Passamos o domingo todo bem e tranquilo. Na segunda, ele levantou com um pouco de febre e dor de cabeça. Levamos ao pronto-socorro e a noite já tinha perdido a consciência. Ele teve meningite bacteriana, foi violento, tudo muito rápido", conta.

Como o fato é recente, o filho, Alexangelo Alexandrino Dembogurski, de 37 anos, comenta que a parte mais difícil é sentir a ausência dele no cotidiano. “Tudo que você vai fazer lembra a pessoa. É complicado essa parte, essa saudade, essa falta”, desabafa.

O sentimento é compartilhado por quem desde os 22 anos vivia os dias ao lado de Albano. Sonia fala que fazia tudo na companhia de Albano. “Eu não ia nem no mercado sozinha. A gente fez faculdade juntos, casamos e nesses 40 anos não fizemos nada isolado. Sempre os dois juntos”, frisa.

Do menino apicultor ao empresário de sucesso - A trajetória de Albano no negócio da família começou na infância. No Rio Grande do Sul, Pedro Dembogursk, que veio da Polônia, foi o pioneiro da apicultura profissional no Brasil. Na época, Albano ajudava o avô e dava os primeiros passos rumo à paixão que a apicultura se tornou.

Em 1966, Pedro faleceu no Paraná, mas o neto seguiu na atividade apícola e mostrou cedo que tinha talento para vender. “Ele continuou, fez curso em escola agrícola e vendia mel para os amigos da escola e os professores. Ele começou assim com as caixas no fundo do quintal”, explica Sonia.

Na década de 1980, Albano e a esposa vieram para Mato Grosso do Sul onde implantaram o primeiro apiário da família. Em Campo Grande, eles construíram a empresa e a casa onde criaram Alexangelo e Ariane. Na 'Cidade das Abelhas', o apicultor começou a produção do mel que oferecia de porta em porta e levava para as feiras.

Alexangelo é quem narra essa parte da história do pai. “Ele embalava mel e saia vendendo. Lembro que ele falava para minha mãe que quando conseguisse vender cinco quilos de mel por dia estaria realizado na atividade”, diz.

Para quem desejava vender uma lata no dia com o objetivo de manter a família, Albano conseguiu atingir a marca de 30 toneladas de mel por mês, além de comercializar 50% do produto para fora do Estado e levar para outros, como São Paulo.

Por mais que tivesse outros negócios, a esposa afirma que Albano gostava mesmo de ficar próximo as abelhas. “A apicultura era a vida dele, tudo para ele girava em torno das abelhas. A vida dele era a apicultura. Apesar de termos outras coisas com gado, para ele, ficava sempre em segundo plano”, destaca.

Quando estava na Cidade das Abelhas, segundo Alexangelo, o pai  fazia questão de receber quem atravessava a porta. “Uma coisa que ele gostava muito de fazer era atender a loja, ele que ficava aqui na frente. Além de atender, ele sempre gostou de ficar conversando. Se o cliente dava trela, ele ficava meia hora aí conversando. Tinha uma carisma muito grande ”, ressalta.

Devido ao costume de conversar horas com quem visitasse a loja, hoje, aqueles que não sabem do falecimento, estranham quando não são recebidos pelo apicultor. "Todo mundo que chega, a primeira coisa que fala é: 'Cadê o Albano?", comenta ela.

Descrito pela esposa como uma pessoa ‘dada’ e que adorava crianças, Albano tinha facilidade em conquistar a simpatia das pessoas. “Todo mundo conhecia ele, ele era amigo de todo mundo”, fala. A generosidade, segundo ela, era outra virtude. "Ele era uma pessoa tão boa, sempre ajudou os apicultores. Tanto é que o irmão dele, que está ajudando a cuidar das fazendas, fala que onde vai as portas estão abertas. Ele era uma pessoa fora do normal", resume.

Antes de se despedir da vida, Albano fazia novos planos para o negócio que queria curtir até a velhice ao lado da esposa. “Ele falava: ‘Quando a gente ficar velho, vamos ficar nós dois cuidando da loja para conversar com as pessoas”, recorda a mulher.

Agora, ela e os filhos seguem realizando os sonhos que Albano tinha de ampliar a produção, encontrar novas áreas para pôr as caixas de abelhas e seguir levando o nome do 'Mel Vovô Pedro' para todos os lugares.

“Nós vamos dar continuidade na 4º, 5º geração. Vamos estar firmes aqui dando continuidade”, declara Sonia. ‘É o que ele queria”, conclui Alexangelo.

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