Política

Presidente da Câmara diz que mudará regimento da Casa após dancinha de vereador

Vereador durante performance no Plenário da Câmara Municipal. (Foto: Direto das Ruas) Vereador durante performance no Plenário da Câmara Municipal. (Foto: Direto das Ruas)

Política

"Se o eleitor dele gosta, ele que dance na casa dele", comentou Carlão

Em resposta a publicação do vídeo em que Thiago Vargas (PSL) aparece dançando no plenário da Câmara Municipal, o presidente da Casa, vereador Carlos Augusto Borges (PSB), o “Carlão”, garantiu que tomará medidas para que episódios do tipo não se repitam. Na próxima sessão, agendada para a terça-feira (30), ele apresentará aos vereadores proposta para tornar mais severo o regimento interno da Câmara. Com isso, parlamentares “tiktokers” poderão até perder o mandato caso sejam identificados em dancinhas no ambiente de trabalho.

“Hoje só está previsto punição com advertência, mas vamos deixar o regramento mais duro”, explica. Para ele, a cena é problemática porque abre margem para que a população questione e até coloque em xeque a seriedade do trabalho Legislativo.

“É um fato grave e que pode manchar a Câmara como um todo. Eu sou vereador há 13 anos e nunca vi isso. Não estamos lá para dançar, mas para lutar por melhorias para o povo.  Quando um vereador toma uma atitude que prejudica ou beneficia seu próprio mandato, o problema é todo dele, no entanto, quando isso afeta os outros é uma questão para ser tratada em colegiado”, declarou.

O presidente explicou que, assim que soube da circulação e repercussão das imagens, entrou em contato com Thiago Vargas para “puxar a orelha” do novato. “Fui bem claro na nossa conversa. Se o eleitor dele gosta, ele que dance na casa dele, fechado dentro do gabinete ou vá para alguma praça. No local onde criamos leis e tomamos decisões não é o lugar para isso”, completou.

De acordo com Carlão, o vereador se desculpou e garantiu que o episódio não se repetiria. Justificou que fez a “dancinha” porque não havia ninguém no espaço.

Caso semelhante – No último dia 16, Camila Jara (PT) também publicou um vídeo em que usa os fundos do espaço interno da Câmara, destinado ao público. Apesar de não ocupar o Plenário, ela também recebeu ligação do presidente. “Ela não estava onde ficam os vereadores, mas também já avisei que é para não se repetir”, finaliza.

Em resposta, a vereadora disse que a publicação de vídeos no ambiente de trabalho sempre foi estratégia para a atividade parlamentar, com finalidade de tornar o acesso à informação mais democrático. “Sempre expliquei projetos e tentei deixar o trabalho mais claro. Tive uma conversa muito tranquila com o presidente e decidimos que faríamos esse tipo de manifestação em outros locais”, esclareceu.

Presidente da comissão de ética da Câmara de Vereadores, Epaminondas Vicente (SDD), o “Papy), informou que procedimento administrativo pode ser aberto somente se a comissão for provocada pela Mesa Diretora da Casa ou por algum parlamentar, o que ainda não aconteceu.

Na avaliação dele, é positiva a ligação dos novatos com as redes sociais, no entanto, ambos erraram na escolha do local para as gravações. “Tanto o Tiago quanto a Camila são jovens e foram eleitos dentro da plataforma digital, que eles usam para se comunicar e chegar de forma leve ao eleitor. Houve um equívoco quanto ao lugar, afinal, a Casa é um lugar sagrado onde tomamos decisões importantes para a cidade. A população espera que a gente tenha uma conduta séria e responsável nesse espaço”, esclarece.

Nas redes sociais, as imagens postadas por Thiago Vargas nesta sexta-feira (26) repercutiram. Em publicação do Campo Grande News, leitores deixaram diferentes opiniões. “Esse é o tipo de gente que o povo aplaude”, comentou Acácia Orejana. “Com um super-salário desses para poucos dias de trabalho, até eu dançaria funk lá”, disse José Carlos Mendes.

O salário do vereador, segundo o Portal da Transparência, é em torno de R$ 15 mil por mês. A Câmara de Vereadores de Campo Grande tem duas sessões por semana - terça e quinta-feira.

Revoltado, Renan Casavechia questionou. “E ainda estamos pagando para isso?”. Kennedy Salomão levantou uma discussão. “Imagina chegar em um consultório, seja qual for o profissional, e ele se levanta e começa a dançar. Certamente buscaremos outros profissionais”.

Presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Jaime Teixeira também avaliou o episódio. “Ele faz a dança dele em frente ao símbolo da cidade, no meio do Plenário da Câmara. É tão ridículo que não há o que comentar”, considerou.

O Campo Grande News tentou falar com o vereador Thiago Vargas, mas não conseguiu contato até o fechamento desta matéria.

Comentários